Brasília – O presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, garante que tudo que está acontecendo ao seu redor nos últimos dias não passa de uma pura disputa pelo poder. Em entrevista ao jornalista Jorge Bastos Moreno, de O Globo, diz que é uma "vítima de uma disputa de poder" e tudo começou quando decidiu falar para a Folha de S. Paulo o que "achava desse processo todo, defendendo punições diferenciadas".

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Severino garante que "o que falei lá agora está sendo repetido pelos relatores. Foi o mote para que voltassem os olhos contra mim. Aí teve aquele aparte do Gabeira. A disputa de poder é tão evidente que as articulações primeiras foram para ver quem ia me substituir. Aí começaram até a brigar. Há muito interesse contrariado". Dando a aparência de que faz uma defesa de sua administração como presidente da Câmara, Severimo diz que assumiu "contestando acordos". Segundo ele, "queriam me impor um contrato com Marcos Valério. Eu recusei. Queriam botar gente para fazer marketing aqui dentro com salário de 30 mil que não seriam pagos pela Câmara. Eu recusei. Comecei contrariando forças terríveis. Eu lido com dois milhões de reais. Basta ver o apartamento que eu moro em Recife, que nem meu é. É da minha filha".

Ele sugere para a imprensa vasculhar o seu patrimônio e mostrar para a opinião pública. "Aí veriam que não tenho nada. Sou um homem de dívidas, um devedor. Se eu estivesse em qualquer esquema, não vivia aí tomando dinheiro emprestado. Por isso é que penso: se eu renunciar, vão dizer que eu era culpado. Mas se eu me defender, provar minha inocência e me cassarem, o povo vai ver que é uma cassação política", diz ele.

Cassação

Severino diz que "sinceramente não sei que forças, além do PFL e PSDB, estão por trás disso". E alega que seus "algozes principais" não têm moral para pedir minha cassação. "Vejam o Roberto Freire. O PPS recebeu 300 mil de Marcos Valério para a campanha do Ciro Gomes. Quem era responsável? O presidente do PPS. Quem é o presidente do PPS? Roberto Freire. O PP vai entrar com representação contra ele pedindo sua cassação. E o Jungmann? Fez tudo bonitinho, não fez? Sua prestação de contas na internet é transparente, não é? Ele se gaba muito disso, já foi elogiado por isso. Mas ele se gaba da forma, não do conteúdo. Um dos principais doadores dele é uma empresa que prestava serviço para o ministério dele quando ele foi ministro. Ele deveria se sentir constrangido com isso. Se ele fosse esse vestal todo teria recusado alegando que não seria ético receber doações de empresas que prestaram serviços para ele", diz Severino.

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