Brasília – A ascensão de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara dos Deputados, terceiro posto na hierarquia da República, engordou a agenda de demandas do Partido Progressista. A sigla quer um melhor tratamento por parte do Executivo e deseja, pelo menos, dois ministérios, um a mais do que o Planalto estudava.
"Nós queremos um tratamento digno da importância do PP no governo", afirmou ontem o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE). O deputado foi direto: "Nos termos do Lula, nós não temos a necessidade de um ministério. Agora, queremos tratamento igual ao PL, que tem a Defesa e os Transportes", afirmou Corrêa, provavelmente referindo-se a especulações que davam ao partido da base aliada apenas o Ministério dos Esportes. O PP irritou-se com a demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em concluir a reforma ministerial e revidou com a candidatura de Severino, que recebeu a maior parte dos votos da bancada progressista de 50 deputados, abandonando a candidatura oficial de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
"Se o Lula tivesse dado o ministério para nós, não teríamos colocado o Severino como candidato", afirmou Corrêa. A promessa havia sido feita antes do segundo turno das eleições municipais, no ano passado, mas Lula adiou a concretização da reforma em pelo menos duas oportunidades e deixou para realizá-la após a eleição na Câmara. O nome do partido para ocupar um ministério é o ex-líder da bancada na Câmara, Pedro Henry (MT).
Em encontro no Palácio do Planalto na quinta-feira, o primeiro dos dois, Lula voltou a manifestar a Severino o desejo de dar ao PP um ministério, mas ouviu como resposta que este era um assunto da bancada e não do presidente da Câmara. O presidente do partido não quis especificar as pastas que o partido deseja, mas disse que gostaria de ocupar ministérios da área política. Ele também afirmou que o partido tem interesse no Planejamento, que é ocupado por um ministro interino desde que Guido Mantega assumiu a presidência do BNDES.
"Acho que seria um bom ministério, até porque o ministro Delfim seria um bom quadro para fazer a economia entrar no rumo", disse, referindo-se ao deputado Antônio Delfim Netto (PP-SP), ministro da Fazenda (1967-1974) e do Planejamento (1979-1985), na ditadura militar.
A derrota do PT na Câmara dos Deputados deve definir dois movimentos do governo que visam a reeleição do presidente Lula em 2006. Além da reforma ministerial para consolidar a base de apoio do governo no Congresso, começam os movimentos de alianças político-partidárias para a chapa presidencial. Apesar de Corrêa descartar o afastamento do governo federal e prometer ficar aliado do Palácio do Planalto nos próximos dois anos, ele é cauteloso com o tema da eleição 2006.
"É cedo para discutir isso. Precisamos ver como vai estar a figura número um do partido, que é o Severino. Dependendo do seu trabalho, o Severino pode ter uma popularidade igual à do Lula. Por enquanto, o Severino é o nosso presidenciável" afirmou deputado
E Severino apóia o aumento do FPM
Brasília – O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse ontem que apóia a reivindicação dos prefeitos de aumentar os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em um ponto porcentual, de, atualmente, 22,5% para 23,5%. Cavalcanti fez a afirmação ao chegar à Casa, depois de se reunir com prefeitos em sua residência oficial, no Lago Sul de Brasília. "A proposta está aqui", afirmou. "Vou apoiar porque os municípios são a célula mater da nação", afirmou.
Ele disse também que, apesar de o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, ser contra, não há impedimento para que ele (Cavalcanti) faça todas as gestões com o objetivo de sensibilizá-lo porque as prefeituras, principalmente as pequenas precisam desse fundo. "Isso poderá abrir o coração dele (Palocci); tem de abrir", afirmou o presidente da Câmara. Após se reunir com os prefeitos de Aracaju, Marcelo Déda (PT), e do Recife, João Paulo (PT), Cavalcanti disse que se tratou de um reencontro, uma vez que ele foi deputado federal em igual legislatura com o sergipano e também estadual na Assembléia de Pernambuco, junto com o pernambucano. "João Paulo fazia oposição sistemática", lembrou Cavalcanti. "Os dois – Déda e João Paulo – são muito inteligentes, e eu estou tirando um pouco da inteligência deles para tocar o meu trabalho", acrescentou. O presidente reafirmou que, na próxima semana, levará empresários para tratar com o ministro da Fazenda da Medida Provisória (MP) 232. Segundo Cavalcanti, a MP, possivelmente, será alterada.