Powell veio ao Brasil para pressionar o governo Lula

São Paulo – O Brasil deveria dar maior acesso a inspetores internacionais a suas instalações nucleares, mas o governo dos Estados Unidos confia que o programa nuclear brasileiro não tem objetivos militares e, assim, não representa uma ameaça. A afirmação foi feita na manhã de ontem, em São Paulo, pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell.

Powell se encontrou à tarde com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em Brasília. O objetivo declarado do encontro foi estreitar a co-operação entre os dois países. Mas as restrições impostas pelo Brasil a equipes de inspeção da ONU no acesso às instalações nucleares brasileiras em Resende (RJ) estiveram em pauta, como Powell deixou claro durante o café da manhã com empresários brasileiros e americanos organizado pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo.

“Parece haver problemas não resolvidos com o acesso da Agência Internacional de Energia Atômica para mostrar que o Brasil está honrando seus compromissos (de uso pacífico da tecnologia). É um assunto que deve ser resolvido entre o país e a agência, mas não estamos absolutamente preocupados com isso. Sabemos que o Brasil não pensa em fabricar armas nucleares”, afirmou Powell.

O Brasil tem insistido que as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica devem respeitar o direito de proteção de sua tecnologia de enriquecimento de urânio, que seria mais barata e eficiente do que a dos outros países. Mas críticos dizem que, embora a posição seja legítima, a intransigência brasileira indiretamente dá apoio a nações com intenções nucleares mais dúbias.

Powell afirmou que os EUA não acreditam que o Brasil pretenda fazer um uso não pacífico da energia nuclear. Segundo o secretário americano, a situação no Brasil seria diferente da de países como Irâ e Coréia do Norte, que “se gabam” de deter tecnologia para a construção de armas. “Irã e Coréia do Norte são nossas preocupações, não o Brasil”, acrescentou ele.

Especula-se que para conseguir uma cooperação maior do governo brasileiro com as inspeções os EUA podem oferecer seu apoio à antiga pretensão do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Uma das indicações neste sentido foi a declaração de Powell, ontem, segundo a qual o Brasil é um “sólido candidato” a se tornar membro do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

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