Posição do PT na CPI é investigar tudo. Ou nada

Brasília – Em um movimento para barrar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso Waldomiro Diniz, a bancada do PT no Senado decidiu ontem, por unanimidade, que só irá assinar o pedido se as investigações se estenderem também para outros episódios envolvendo financiamento de campanha.

A estratégia do PT é ampliar o foco para desestimular novas assinaturas – anteontem, o PSDB, que recolhe adesões à CPI, contabilizava 12 assinaturas. Os tucanos dizem que aceitam uma CPI sobre financiamento, desde que se instale uma outra exclusiva para o caso Waldomiro Diniz.

Os petistas querem que se investigue, entre outros episódios, a campanha à Presidência em 2002 de José Serra (PSDB), o caso Lunus – envolvendo a então pré-candidata a presidente Roseana Sarney (PFL), também em 2002 -, as acusações de caixa dois para a campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1998) e as privatizações durante o governo FHC.

“O melhor para o Brasil é deixar o Ministério Público, a Justiça e a Polícia Federal cuidarem desses problemas criminais e o Congresso se dedicar com toda energia a melhorar as leis. Se essa não é a atitude possível, se nós vamos analisar o passado, vamos analisar tudo, não só um caso específico”, afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).

A bancada do PT deixou a reunião dizendo ser o melhor para o País que esses casos ficassem sob investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, e que interessa ao partido dar andamento a temas que já estão no Congresso, como as reformas do Judiciário e política.

A líder do partido no Senado, Ideli Salvati (SC), disse que “se tiver que fazer investigação de campanha, tem que ser geral”. Apenas o senador Flávio Arns (PR), que está viajando, não esteve presente na reunião da bancada, que conta com 13 senadores.

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MS) disse ontem que “ao exigir uma investigação de tudo o PT não quer investigar nada”. Segundo ele, a proposta de fazer uma CPI ampla sobre suspeita de corrupção no financiamento de campanha acabaria impedindo que se investigasse o caso Waldomiro Diniz.

O senador, que é autor do requerimento para a instalação da CPI do Senado, disse que assinará todas as CPIs que o PT quiser, desde que elas sejam feitas separadamente. “Se colocarmos todos os casos, como o do cartão SUS, do Ricardo Sérgio, junto com o caso Waldomiro Diniz, ninguém vai investigar o Waldomiro”, afirmou o senador.

Base aliada se fecha com o PT

Brasília

– O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), anunciou ontem, na residência do senador Valmir Amaral (PMDB-DF), a decisão da bancada de não assinar o requerimento para a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o caso Waldomiro Diniz. Calheiros informou que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) atenderá à recomendação da bancada. “Mas ele não será impedimento para que se instale a CPI”, disse. Simon defendeu o apoio do partido no Senado à CPI. Ele afirmou que, se assinar, outros peemedebistas o seguiriam. Daí, a posição de Simon de não tomar a iniciativa. Mas, se a lista chegar a 26 assinaturas e não houver outro senador que subscreva o senador do PMDB do Rio Grande do Sul será o 27.º. É necessário um terço dos senadores para que se abrir a CPI.

O deputado federal Antônio Delfim Neto (PP-SP) disse que o caso do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil , Waldomiro Diniz, não tem nada a ver com o governo. Segundo ele, o suposto pedido de propina por parte de Diniz foi uma ação individual, caracterizada pela abordagem de um único cidadão e que ocorreu antes mesmo do mandato do atual governo. O PP não deve apoiar qualquer iniciativa a favor de uma CPI. “Ninguém quer uma CPI. Este caso refere-se à ação de uma única pessoa”, reiterou o ex-ministro .

A bancada do PPS na Câmara também decidiu, ontem em reunião, não assinar o pedido de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o caso Waldomiro Diniz. O líder do partido na Casa, Júlio Delgado (MG), afirmou que a bancada entende que, neste momento, é desnecessário criar uma comissão. Delgado destacou que a criação da CPI cabe mais à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “Se, durante as investigações, descobrirem fatos referente a este governo, aí sim tem de apurar”, afirmou.

Além do PSDB, somente o PFL começou a recolher assinaturas na Câmara para a instalação de uma CPI para apurar o caso Waldomiro Diniz. Segundo o vice-lider da bancada, Onix Lorenzoni (RS), há justificativas suficientes para a criação da CPI. Segundo ele, além dos fatos revelados em fita de vídeo que mostraram Diniz pedindo propina e contribuição de campanha a um bicheiro, há fatos novos, como o atraso da Polícia Federal em cumprir o mandato de busca e apreensão da justiça.

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