Posição de Lula volta a irritar EUA

Nova York – Causou polêmica o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Conselho de Relações Exteriores, quinta-feira, em Nova York, último compromisso da parte americana de sua viagem. Informado por uma jornalista do The New York Times sobre o tom do discurso de Lula contra a política comercial dos EUA e a atuação americana na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, o secretário de Comércio, Robert Zoellick, disse, por intermédio do porta-voz, que estas posições alimentam políticas de protestos em vez de compromissos e ainda que contribuíram, no México, para perder a oportunidade de fechar uma reforma geral da agricultura.

Anteontem, pela primeira vez nos cinco dias da viagem de Lula, o The New York Times deu espaço para o presidente e abriu o caderno de negócios internacionais com a reportagem sob o título “Brasil se mantém firme entre os críticos das negociações comerciais”. Segundo o jornal, Lula adotou um tom desafiador ao atacar a política comercial dos EUA e os dois lados, os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, estão radicalizando. Cita diversas frases de Lula defendendo o papel de liderança do Brasil no G-22 e informa sobre as negociações brasileiras com os presidentes da África do Sul e da Índia para formar uma aliança no cenário internacional.

Um diplomata brasileiro reconhece que o discurso de Lula dividiu opiniões. “Ouvi muitos elogios, mas alguns acharam que foi muito forte”, comentou. Os integrantes do conselho, um importante centro de pesquisas que reúne grande parte do PIB americano, também se dividiram. Alguns já tinham ouvido Lula discursar há oito anos, quando ainda era político de oposição, e acharam que ele aprendeu muito: gostaram do que ouviram. Outros ficaram irritados e consideraram que ele estava fazendo discurso para o público interno.

O atraso do presidente para a reunião também não facilitou as coisas. Na agenda de Lula, constava que o encontro começaria às 10h. Os conselheiros, porém, tinham outro horário, 9h30, e, nesta hora, todos estavam sentados à espera de Lula, entre eles David Rockfeller e diversos presidentes de grandes empresas e bancos.

Os conselheiros foram informados que o presidente estava atrasado, depois souberam que ele chegara e fora tomar café. Ficaram muito contrariados e acharam uma gafe o presidente não ter pedido desculpas. Também consideraram que Lula falou demais e não deixou tempo para eles fazerem perguntas, o que consideram essencial para fugir do discurso oficial nessas reuniões. “Realmente houve um desencontro. Lula não pediu desculpas porque, pelo horário dele, não estava atrasado”, defende o embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Barbosa.

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