Porto Alegre (AE) – A vitória de José Fogaça (PPS), em Porto Alegre, vai tirar o Fórum Social Mundial (FSM) da capital gaúcha. Algumas entidades que integram o comitê organizador do evento querem levá-lo para outra sede na próxima edição, marcada para acontecer entre 26 a 31 de janeiro. Outras preferem manter o encontro na cidade apenas mais uma vez, porque a estrutura já está sendo montada.
O assunto não estava na pauta, mas vai para o centro do debate na reunião do Comitê Organizador Brasileiro, hoje, em São Paulo. Três prefeitos eleitos, do Recife, João Paulo (PT), de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), e de Salvador, João Henrique Carneiro (PDT), ofereceram, informalmente, as cidades para abrigar a reunião, que movimenta cerca de 150 mil pessoas dos cinco continentes para discutir alternativas ao neoliberalismo. O coordenador executivo do Fórum em Porto Alegre Jéferson Miola, diz que haveria dificuldades operacionais para transferir o evento até janeiro.
O sociólogo Emir Sader, integrante do Comitê Internacional do Fórum, não vê motivos para o encontro anual continuar na capital gaúcha. “Não escolhemos a cidade por sua beleza, mas porque mantinha políticas alternativas ao neoliberalismo”, recorda. “A população optou agora por um bloco político de direita.” Ele também se opõe à orientação do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigoto.
Os comentários têm uma ponta de ironia porque as forças políticas locais, que faziam pesados ataques ao Fórum, passaram a elogiá-lo pela projeção que deu ao município e pelo movimento econômico que gera para hotéis, transportadores, taxistas e restaurantes. Fogaça ressaltou este aspecto durante a campanha, quando prometeu manter o evento na cidade.
Destacou também que apoiava o encontro por respeito à pluralidade política. Para Sader, é certo que Porto Alegre deixará de ser considerada a sede permanente do Fórum, status que mantinha até agora. Ele também lembra que, de qualquer maneira, a freqüência do evento na capital gaúcha diminuiria, mesmo que o PT continuasse no poder. Se houver uma edição em 2006 é certo que a sede será um país africano. A partir de 2005, o encontro pode deixar de ser anual e passar ocorrer de dois em dois anos porque os organizadores identificam dificuldades de financiamento.
Neste caso, a próxima edição brasileira será em 2009. Já se manifestaram pela retirada do próximo evento de Porto Alegre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional de Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Cáritas Brasil e outras sete das 24 entidades que fazem parte do Comitê Organizador Brasileiro.