A Prefeitura de São Paulo quer implementar “zonas 30” na capital. Por esse sistema, bairros inteiros passam a ter velocidade máxima para carros de 30 km/h. O modelo já existe no Rio e serve para melhorar a convivência entre automóveis, bicicletas e pedestres.

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Segundo o secretário municipal de Transporte, Jilmar Tatto, a Prefeitura quer que o projeto piloto seja adotado em um bairro que concorde voluntariamente com a medida. “Não vai adiantar impor”, alega. “Já conversamos com moradores de Moema (na zona sul), mas acho que poderia ser na Vila Madalena, na Vila Mariana, na Bela Vista, bairros assim”, afirmou.

O projeto é diferente das chamadas “ciclorrotas”, adotadas na gestão passada sem que fossem bem recebidas por ativistas das bicicletas. Nas ciclorrotas, algumas vias de um bairro têm o limite de velocidade reduzido e há sinalização indicando que ali existe uma via compartilhada entre carros e bicicletas. Os exemplos ficam nos bairros do Brooklin, de Moema, do Butantã, da Mooca e da Lapa, somando quase 55 quilômetros.

Já as “zonas 30” não têm essa divisão viária. Assim que o automóvel entra em um bairro, a sinalização indica que a região toda tem o limite reduzido. Mas a medida não vale em vias arteriais que cruzam essas regiões. As placas ficam nas esquinas.

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Histórico. A ideia nasceu em 1993 na Europa e foi disseminada por diversos países. Só Paris, na França, tem 50 bairros “zona 30”.

O secretário Tatto não detalhou se haverá radares fiscalizando os automóveis dentro das zonas 30. E ressaltou que ainda não há um cronograma para instalação das áreas de proteção ao ciclista. Tudo vai depender, diz ele, da escolha do bairro onde o projeto será implementado.

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O custo desse tipo de medida é baixo: basicamente, são as placas de sinalização informando sobre a restrição de velocidade. Para o cicloativista William Cruz, a proposta da Prefeitura pode não vingar se depender apenas da concordância de um bairro. “Tem locais, como no Alto de Pinheiros, em que as pessoas dependem do carro até para ir à padaria”, afirma. “É preciso ver também como vai ser a fiscalização. Todas as ruas que recebem as ciclofaixas de lazer têm o limite reduzido para 40 km/h quando as faixas estão ativas. Mas muita gente não respeita.”

Já o urbanista Ricardo Correa lembra que, pelo Código Brasileiro de Trânsito, as ruas residenciais já têm o limite máximo estabelecido em 30 km/h. Mas afirma que a geometria das vias faz com que o motorista, instintivamente, dirija acima dessa velocidade. “É como a lei antifumo, que só pegou porque a fiscalização foi intensa.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.