Brasília – A pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem em Brasília revelou o menor índice de popularidade do governo do PT desde a posse, em janeiro de 2003. A avaliação positiva caiu de 34,6% em maio para 29,4% em junho. Já a negativa, subiu de 20% para 24,1%.
A avaliação do desempenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também caiu. O índice dos que aprovam a pessoa do Lula recuou de 60,2% para 54,1%, enquanto o nível de desaprovação subiu de 32,4% para 37,6%. Segundo a pesquisa, 58,9% dos entrevistados afirmaram que o governo Lula tem feito “menos do que poderia”, enquanto 16,4% acham que o governo faz “mais do que poderia”. Para 20,2%, o governo não faz nem mais, nem menos.
A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 15 e 17 deste mês em 195 municípios e 24 estados do País. Foram ouvidas 2.000 pessoas e a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no seu primeiro mandato, nunca chegou a ter menos do que 30% de avaliação positiva. “Quando um governo gera muita expectativa, a decepção com o não-cumprimento das promessas de campanha é muito mais acentuada”, afirma Clésio Andrade, presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e vice-governador de Minas Gerais (PL-MG).
O elevado índice de desemprego é uma das principais razões para a queda de popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apontado na pesquisa CNT/Sensus. Para o cientista político e pesquisador da PUC e FGV, Marco Antônio Carvalho Teixeira, o combate ao desemprego ainda não foi efetivamente colocado em prática pelo atual governo. “Depois da manutenção da estabilidade e controle da inflação, a população aguarda medidas efetivas no combate ao desemprego, o que ainda não ocorreu”, destaca. E reitera: “Por isso, esse tema federal será um dos principais debates na campanha municipal deste ano”.
Na avaliação do cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais, Fábio Wanderley Reis, o desemprego é uma das razões da queda de popularidade do governo do presidente Lula, mas não é uma causa isolada. “Acredito que a queda na pesquisa CNT/Sensus também tenha rescaldo do escândalo Waldomiro Diniz” – o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil que foi flagrado negociando propina para campanhas petistas com o suposto bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Casa Civil refuta pesquisa
Brasília (AE) – O chefe da Casa Civil, José Dirceu, refutou o resultado da pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) encomendada ao Instituto Sensus, que aponta queda acentuada de popularidade do governo e da avaliação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro sugeriu ter conhecimento de pesquisas com resultados mais favoráveis ao governo. Quando perguntado sobre o levantamento do Sensus, Dirceu afirmou: “Não está caindo. Está crescendo. Pode perguntar isso para o Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística).”
Evitando outros comentários sobre a sondagem, com a alegação de que não tinha tomado conhecimento dos dados, o ministro, que desistiu da viagem aos Estados Unidos com Lula, demonstrava outra preocupação: iniciar o trabalho de recompor a força do governo no Senado, onde o Palácio do Planalto teve a maior derrota política desde que os petistas chegaram ao poder.
José Dirceu firmou que pretendia reforçar as negociações políticas destinadas a aprovar, até o dia 15, projetos considerados importantes para a retomada do crescimento econômico, em tramitação no Senado e na Câmara. Reorganizar a base parlamentar do governo no Senado é importante para a aprovação de projetos importantes para a economia, como o que trata das Parcerias Público-Privadas (PPP), a nova Lei de Falências e a da Biossegurança.