Tradicional ponto de festas e comemorações nos jogos do Brasil na Copa do Mundo, a esquina das Ruas Conde de Bonfim e Alzira Brandão, na Tijuca, Zona Norte do Rio, amanheceu na última sexta-feira, 16, com a frase “S.O.S. saúde”, sinalizando para a incorporação das demandas dos protestos iniciados em junho nas festas de rua.
A decoração do Alzirão – como a esquina é chamada – ainda está em estágio inicial. A frase pintada no asfalto não veio da organização do evento. Semana passada, foi instalada a bandeira da Turma do Alzirão, que neste domingo não estava hasteada. No próximo fim de semana, começará a decoração com bandeirinhas e, cerca de uma semana antes do início da Copa, por volta do dia 5, a pintura do asfalto, informou Ricardo Ferreira, presidente Associação Recreativa e Cultural Turma do Alzirão.
“Vamos pintar o asfalto todo de verde-e-amerelo e deixar a frase lá”, afirmou Ferreira. Muitos membros da associação apoiam o protesto. “A saúde neste País está ruim mesmo”, completou Ferreira. No Rio, a impressão geral é que a decoração das ruas para a Copa do Mundo está mais atrasada do que em anos anteriores. No Alzirão, o cronograma está igual ao de outros Mundiais, mas Ferreira vê desânimo nas ruas.
“O pessoal não entrou no ritmo. Aqui na Tijuca, havia normalmente de 12 a 15 ruas decoradas. Nesta Copa, são duas ou três”, disse Ferreira, para quem há um certo mal-estar com os gastos públicos com estádios. Para a recepcionista Roberta Vasconcelos de Lima, que ontem à tarde ajudava a tia na decoração na fachada do apartamento de primeiro andar de um prédio bem na esquina da Conde de Bonfim e Alzira Brandão, podem haver um receio de manifestações violentas. Mas ela defende a possibilidade de se fazer festa com crítica aos gastos com estádios.
“Os jogadores não têm nada a ver com isso. Assim como nós, eles são do povo. As manifestações são contra o governo e as exigências da Fifa”, disse Roberta ao Estado. Além de manter a frase “S.O.S saúde” no asfalto, a Turma do Alzirão deverá incluir mais frases de protestos na pintura. Segundo Ferreira, a ideia é, pelo menos, fazer uma “homenagem” à Fifa, com a qual a associação teve um embate.
Um advogado da entidade máxima do futebol mundial chegou a procurar a organização da festa no Alzirão, cobrando pagamento por direitos de imagem. Pelo menos R$ 28 mil seriam cobrados, segundo Ferreira, mas a Prefeitura do Rio interveio a favor da festa. Os eventos no Alzirão têm palco para shows e telão, a ponto de atrair torcedores de todo o Rio e rivalizar com o Fifa Fan Fest, festa oficial das Copas do Mundo – que, no Rio, será em Copacabana. Na Copa de 2010, o Alzirão atraiu cerca de 30 mil pessoas a cada jogo do Brasil. “Este ano, os torcedores poderão optar entre da festa internacional da Fifa ou a festa cabocla, brasileira, do Alzirão, onde se pode entrar e sair à vontade, levantar o cartaz que quiser”, disse Ferreira.