Pont vai enfrentar Berzoini no 2º turno

  João de Noronha / GPP
João de Noronha / GPP

Raul Pont: na frente de Pomar
por apenas 140 votos.

São Paulo – O presidente nacional do PT, Tarso Genro, antecipou ontem, em Florianópolis, o resultado final da eleição em primeiro turno para a presidência do partido. O deputado estadual Raul Pont, da Democracia Socialista, venceu a disputa pela segunda vaga no segundo turno por uma diferença de apenas 140 votos, derrotando Valter Pomar, da Articulação de Esquerda.

Com isso, Pont vai disputar a presidência contra o deputado federal Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário. No segundo turno, que acontecerá no próximo dia 9, estão aptos a votar 820 mil petistas. Antes mesmo de saber o resultado, Pomar já garantia apoio a Pont: "O meu objetivo era derrotar o Campo Majoritário. Eles tinham 58% do diretório nacional. Agora terão 42%. Já foi uma grande vitória das esquerdas. Qualquer que seja o novo presidente, o Campo Majoritário não vai mais mandar e desmandar no Diretório Nacional", disse Pomar.

Pont disse que espera o apoio dos demais candidatos da esquerda petista e que, se vencer, o PT vai exigir mudanças no governo e na política econômica.

Enquanto isso, os deputados federais Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP), Maninha (DF), Orlando Fantazzini (SP) e João Alfredo (CE) comunicaram ontem a decisão de deixar o PT e passar a integrar o PSOL, partido liderado pela senadora Heloisa Helena, candidata a presidente da República no ano que vem.

Com as adesões, o mais novo partido do Congresso passará a ter uma bancada de sete deputados, uma vez que o partido já tem os deputados Babá (PA) e Luciana Genro (RS), que foram expulsos do PT em dezembro de 2003. O PSOL passa a ter uma bancada do tamanho da do PV. Já o PT, com os desligamentos, deixou de ter a maior bancada na Câmara. Foi ultrapassado pelo PMDB que tem 87 deputados, contra 83 do PT. No domingo, um grupo de aproximadamente 400 ativistas do movimento social já havia dito que deixaria o PT e iria para o PSOL.

Dificuldade eleitoral estanca sangria no PT

Brasília – O pragmatismo eleitoral evitou uma sangria maior do PT. Quatro deputados que anunciaram a saída do partido e a possível migração para o Psol fizeram as contas e desisitiram. Walter Pinheiro (BA), Nazareno Fonteles (PI), Mauro Passos (SC) e Doutor Rosinha (PR) acharam a alternativa (o PSol) difícil de administrar. Ontem, já davam como certa a permanência no partido.

O quinto deputado, Paulo Rubem Santiago (PE), ainda não conseguiu definir se sai ou fica no PT. A decisão deve ficar para hoje. Santiago classifica o Psol como uma "incógnita programática" e ainda espera que a esquerda consiga espaço dentro do partido para eleger Raul Pont para a presidência e discutir mudanças no programa do PT. "Estamos analisando tudo isso e quero ver se vamos ter força para fazer essas mudanças. Mas é uma decisão muito difícil", disse.

"Acho que para ir para o Psol e ficar divergindo lá é melhor divergir no PT", disse Pinheiro, explicando que tem muitas diferenças de postura com o partido da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados Luciana Genro (RS) e Babá (PA). Os que decidiram ficar afirmam que vão ficar "em dissidência", ou seja, não necessariamente vão votar de acordo com a orientação do governo.

O tamanho do partido também pesou na decisão dos deputados. Tanto Fonteles quanto Pinheiro ouviram das suas bases que não deveriam sair do partido. Pinheiro é o parlamentar com mais votos na Bahia. No Psol, poderia ter dificuldades.

Mesmo assim, os deputados federais Maninha (DF), Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP) anunciaram sua desfiliação do PT e a transferência para o Psol, o partido fundado pelos parlamentares petistas expulsos em dezembro de 2003. Os três se unem a João Alfredo e Orlando Fantazzini, que já haviam anunciado a saída no final de semana e diminuem ainda mais a bancada do PT, agora composta de 84 deputados.

"Essa é a decisão mais difícil da minha vida", confessou Chico Alencar. "Estou saindo do PT para continuar petista, imagine a ironia." Os três deputados ficam os próximos dois dias sem partido, mas assinam a filiação no Psol na sexta-feira, último prazo para que possam concorrer no ano que vem. "É um pouco como um casamento. Continuamos apaixonados, mas as brigas são tão freqüentes que a separação se torna inevitável", disse Maninha.

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