Um policial militar foi preso na noite desta quinta-feira, 10, acusado de atacar, ao lado de três homens encapuzados, dois ônibus na Avenida Suburbana, no bairro Cidade Baixa, em Salvador. Ele faria parte da Associação dos Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), que convocou a greve da PM no Estado.
Segundo a polícia, o agente e os três homens foram interceptados por equipes da Operação Gêmeos, que patrulhavam a área. Elas se dirigiram ao local após ouvirem disparos de arma de fogo e teriam flagrado o grupo, que havia parado os veículos, atirado nos pneus e mandado os motoristas deixarem os ônibus atravessados na pista.
Durante aproximação e voz de prisão, os suspeitos teriam atirado nos policiais da Gêmeos, que revidaram.
Um PM lotado na 18ª CIPM, identificado como Anselmo Souza dos Prazeres, acabou ferido e foi levado para o Hospital do Subúrbio, onde está custodiado. Os outros três conseguiram escapar.
De acordo com o coronel Humberto Sturaro, Prazeres está afastado do trabalho há dois anos por problemas de saúde e ainda não foi ouvido. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o policial portava uma pistola irregular e responderá também por porte ilegal de arma.
A greve da PM na Bahia foi decretada há quatro dias pela Aspra. A paralisação continua sem acordo entre os líderes do movimento e o governo do Estado. Desde então, houve aumento de crime e atos de vandalismo, especialmente nos bairros da periferia. A SSP suspeita que policiais grevistas possam estar por trás dos casos.
Registros da secretaria apontam a ocorrência de 15 homicídios na quinta-feira, ante apenas uma morte violenta na semana anterior. Desde o inicio da greve policial, já são 30 os assassinatos na capital e região metropolitana.
Na noite da quarta-feira, dia 9, um mercado localizado no bairro de Tancredo Neves foi alvo de sete assaltantes, que realizaram um arrastão no estabelecimento. Imagens de câmeras de segurança gravaram a ação. Todos os criminosos estavam armados. Na madrugada da quarta, duas agências bancárias foram atacadas a tiros e estabelecimentos comerciais foram saqueados em bairros distintos da cidade. Até a manhã desta sexta-feira, 11, não houve registro de ações criminosas.
O coordenador-geral da Aspra, o deputado estadual Soldado Prisco (PSC), negou responsabilidade sobre os atos de vandalismo e disse que a entidade repudia as ações.
O coronel Sturaro afirmou que todo o efetivo da PM está trabalhando normalmente e que o movimento grevista tem se valido de policiais aposentados, afastados ou em dias de folga.
Tentativa de acordo
Uma tentativa de acordo na tarde da quinta-feira entre deputados estaduais e representantes da Aspra, realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, não durou nem 30 minutos e terminou sem sucesso. Prisco apresentou a lista de reivindicações protocolada na Casa à secretária de Relações Institucionais, Cibele Carvalho, que afirmou que o governo não negociará com a Aspra.