A Justiça do Rio Grande do Sul condenou nove policiais militares acusados de torturar quatro jovens com sacos plásticos, chutes e socos.
O caso ocorreu em 26 de dezembro de 2007 na cidade de Flores da Cunha (a 148 km de Porto Alegre). À época, o caso ganhou repercussão porque o então secretário da Segurança do Estado, José Francisco Mallmann, disse que os réus usaram métodos retratados no filme “Tropa de Elite”.
Segundo o Ministério Público, os policiais foram chamados naquele dia devido à morte de um sargento da corporação em uma desavença com um morador da cidade.
Ao chegar no local do homicídio, diz a denúncia, os policiais militares espancaram quatro jovens, incluindo o filho do suspeito de matar o sargento, para tentar descobrir o paradeiro do autor do crime. O major Gilberto Güntzel foi acusado de permitir e incentivar a tortura.
Segundo a denúncia da Promotoria, o capitão Alexandre Silva tentou colocar um cabo de vassoura no ânus de um dos rapazes, e o filho do suspeito sofreu agressões em um matagal. Dos quatro jovens, dois eram menores de 18 anos naquela época.
A sentença foi expedida ontem. As penas variam de dois anos e quatro meses de prisão a três anos e quatro meses. Inicialmente, devem ser cumpridas em regime fechado. Cabe recurso à decisão.
O advogado Alencar Dall’agnol, que defendeu a maioria dos policiais, diz que os acusados negam os crimes e que vai recorrer.
Dall’angol afirma que não há prova técnica das agressões com sacos plásticos e com a vassoura e que discorda do enquadramento do crime como tortura.
A defesa de Güntzel diz que ainda não conhece os termos da sentença, mas afirma que ele negou os crimes e que foi condenado apenas porque era o policial mais graduado a ser acusado.
O advogado Airton Barbosa de Almeida, que defende o capitão Alexandre, diz que a própria sentença não afirma que o policial tenha praticado a agressão com a vassoura. Também afirma que as vítimas não reconheceram os acusados como autores do crime e que vai recorrer da decisão.