Policiais impediram BO após atropelamento, diz defesa

O advogado Spencer Levy, que defende Rafael Bussamra, de 25 anos, acusou os policiais militares de impedir que o atropelador registrasse a ocorrência do acidente que matou o estudante Rafael Mascarenhas, de 18, filho da atriz Cissa Guimarães e do saxofonista Raul Mascarenhas, na madrugada de terça-feira no Túnel Zuzu Angel, na Gávea, na zona sul do Rio. Bussamra prestou hoje novo depoimento sobre a suposta extorsão na 15ª Delegacia de Polícia da Gávea (zona sul).

Hoje, a Corregedoria Interna da Polícia Militar pediu a prisão preventiva do cabo Marcelo Bigon e do sargento Marcelo Leal à Delegacia de Polícia Judiciária Militar. Anteontem, o Tribunal de Justiça do Rio negou o pedido de prisão feito pela Polícia Judiciária Militar. Eles estão presos administrativamente no 23º Batalhão do Leblon.

A defesa do atropelador afirma que ele e o pai, o empresário Roberto Bussamra, foram coagidos pelos policiais a não registrar a ocorrência em troca de R$ 10 mil. “Eles (os PMs) não se preocuparam com o estado de saúde da vítima. Meu cliente foi retirado do local do acidente e acompanhado para um local onde foi feito a exigência (da propina). Para o meu cliente era muito tranquilo vir até a delegacia, porque o quadro era de lesão corporal culposa”, disse o advogado.

Segundo ele, os policiais escoltaram o carro do atropelador até um posto de gasolina, a poucos metros da 15ª Delegacia de Polícia da Gávea. Eles fizeram contato com o pai do rapaz e marcaram um encontro na Rua Pacheco Leão, nas proximidades de uma das sedes da TV Globo, onde exigiram o dinheiro. O encontro foi captado pelas câmeras de segurança da emissora.

“Os policiais diziam para o pai que ajudaram Rafael a sair do local e passavam pelo rádio que o atropelador tinha fugido. Eles também passaram a informação de que a vítima do atropelamento estava bem no hospital. Nada disso era verdade. O pai exigiu ir até a delegacia e foi ameaçado”, afirmou o advogado. Segundo ele, os policiais foram taxativos. “Um deles disse vocês não vão à delegacia, porque eu já desfiz o local (do acidente). Se vocês forem para a delegacia vão me queimar e isto não vai ficar barato, porque eu tenho o nome e o endereço de vocês”, contou Levy. Ameaçado, o empresário marcou para o dia seguinte a entrega do dinheiro, segundo o advogado.

No dia seguinte, no Centro do Rio, o empresário conseguiu sacar apenas R$ 6 mil. Quando estava em uma agência bancária para pegar o restante do dinheiro, ele foi avisado pela mulher que a vítima do atropelamento tinha morrido e era filho da atriz Cissa Guimarães. Neste momento, de acordo com o advogado, o pai do atropelador disse aos PMs que não pagaria mais a propina e que “eles estavam malucos e fizeram besteira ao permitir que o registro fosse feito na delegacia”. Ele não descartou a hipótese do envolvimento de um terceiro policial, que se comunicava com a dupla pelo rádio.

Levy negou a adulteração do veículo. “O carro estava com a embreagem alta e disseram que o veículo era envenenado. Não existe racha entre um Siena motor 1.0 e um Honda Civic, como motor 1.8”, apontou o advogado. Segundo ele, a família de Bussamra se sente ameaçada e pensa em sair do Rio.

Uma reconstituição com a participação do atropelador, dos amigos dele e dos skatistas que acompanhavam a vítima foi marcada para a madrugada de hoje. A polícia deve ter acesso nesta terça-feira ao laudo pericial que indicará a velocidade mínima do carro de Bussamra. Investigações não encontraram nos dois bares do Leblon onde o atropelador esteve com os registros de consumo de bebidas alcoólicas em nome deles.

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