Delegados de classe especial da polícia teriam recebido dinheiro para quebrar o sigilo de dados criminais de 60 mil pessoas supostamente a pedido de funcionários da Petrobras. A acusação de uso indevido da máquina da polícia em favor da empresa estatal motivou denúncia assinada por dez policiais da Divisão de Capturas. Eles encaminharam a acusação à Corregedoria da Polícia Civil, que abriu inquérito sobre o caso.

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De acordo com a denúncia, a remuneração seria paga por ficha criminal consultada. A existência do caso foi confirmada ao jornal O Estado de S. Paulo pelo diretor da Divisão de Capturas da Polícia Civil, delegado Sérgio Abdalla, que afirmou ter determinado a imediata cessação das pesquisas. “Achei irregular e determinei que parassem.” Abdalla negou, no entanto, que o serviço fosse feito em troca de dinheiro e disse que se tratava de prática havia cerca de 15 anos no setor.

Na denúncia dos agentes, eles alegaram aos corregedores que foram obrigados a pesquisar os dados das fichas criminais de pessoas sob coação de seus chefes. Disseram que, caso não obedecessem, seriam transferidos para outros setores da polícia. Em anexo à denúncia, eles encaminharam à corregedoria cópias das fichas criminais pesquisadas. Ao realizar uma pesquisa, o sistema de computadores da Polícia Civil registra a senha de quem solicitou os dados.

A corregedoria abriu inquérito para apurar possíveis crimes de quebra de sigilo, improbidade administrativa e outras supostas irregularidades. Segundo o delegado Abdalla, chefe do setor onde tudo teria se passado, “a Petrobras pedia ‘terminais’ (fichas) de empregados e eles eram tirados, puxados para ver se tinham alguma passagem pela polícia”. “Eu mandei parar”, afirmou. Os nomes dos delegados supostamente denunciados pelos agentes não foram divulgados. O jornal O Estado de S. Paulo procurou a estatal e explicou o caso, mas até as 23h30 de ontem não houve resposta.

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