Policiais civis da capital e do interior de São Paulo se recusaram na sexta-feira (17) a registrar boletins de ocorrência encaminhados às delegacias por policiais militares. Em Dracena, no oeste paulista, os civis rejeitam BOs desde anteontem, data do confronto no Morumbi. O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Roberto Antônio Diniz, encaminhou uma mensagem com pedido de calma, serenidade e até paciência aos chefes dos oito Comando de Policiamento do Interior (CPI) e das duas unidades da capital, que juntos somam 135 mil PMs. A relação está tensa entre as corporações e há relato de provocações e hostilidade.

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Em Dracena, os policiais civis estão revoltados com o conflito ocorrido na capital. “Não vamos receber nenhuma ocorrência apresentada pelos PMs, a não ser que o caso seja grave”, disse o policial Milton Matos, chefe dos 11 investigadores da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Matos disse que a represália da PM foi muito violenta. “Não precisava disso tudo. Todos têm o mesmo patrão. Estamos revoltados com a PM.”

Em Jales, no noroeste paulista, os civis protestaram em desfile de viaturas pelas ruas centrais. Segundo representantes do comando de greve, participaram da manifestação cerca de 200 policiais, com a utilização de 50 veículos oficiais. O objetivo da manifestação, de acordo com grevistas, foi prestar solidariedade aos policiais que se deslocaram até a capital.

Poucos falam abertamente sobre o clima nervoso entre as polícias por temer represálias. “Acabou a amizade. Se eles (PMs) não chegarem com a ocorrência redondinha aqui vão se dar mal”, avisou um investigador de Araraquara. Ontem, ao registrar um BO, um soldado foi impedido de se sentar no DP. Os civis também ameaçam os PMs, caso um preso denuncie tortura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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