Depois do confronto de quinta-feira (16) entre policiais civis e militares – que deixou pelo menos 24 feridos – nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, sindicatos de policiais civis de diferentes Estados do País começaram a articular um movimento nacional em apoio aos grevistas e em repúdio à maneira que eles classificam como “desrespeitosa” com que o governo paulista tem tratado os policiais.
O diretor do Sindicato da Polícia Civil do Distrito Federal, Luciano Marinho de Moraes, integrante da Comissão de Segurança Pública do Congresso Nacional, iniciou contatos com sindicatos de Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. “Caso o governo do Estado não dê uma resposta rápida às reivindicações, na semana que vem vamos paralisar as Polícias Civis de todo o Brasil por um dia.”
Ele também disse que hoje vai passar nos gabinetes de deputados e senadores para apresentar moção de repúdio ao atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, e ao governo de José Serra.
Futuro da greve
Na noite de quinta, os líderes das associações e sindicatos de policiais de São Paulo não sabiam de que forma retomar a negociação com o Estado, após um mês de greve. Na semana passada, a categoria suspendeu a paralisação por 48 horas, na tentativa de dialogar com o governo. A expectativa era de que fosse feita uma nova proposta. O que não ocorreu.
“Aconteceu o que mais temíamos. Eu havia alertado o senadores Sérgio Guerra (PSDB), Aloizio Mercadante (PT) e Romeu Tuma (PTB), quarta, de que era preciso negociar. Estamos em uma crise profunda. Não sabemos ainda as conseqüências que ela terá”, afirmou o delegado Sérgio Marcos Roque, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, a maior e até então mais representativa entidade da Polícia Civil.
O problema era todo em torno do índice de reajuste dos salários. O governo propõe aumento linear de 6,2% a policiais civis da ativa, aposentados e pensionistas; aposentadoria especial; reestruturação das carreiras com a eliminação da 5ª classe e a transformação da 4ª classe em estágio probatório; e a fixação de intervalos salariais de 10,5% entre as classes. O governo diz ainda que quer reajustar em 38% o salário base dos delegados.
Os delegados consideram ridícula a proposta, pois o reajuste de 38% só seria dado a poucas dezenas de policiais que ganham o piso e estão em estágio probatório. O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado (Sindpesp), José Leal, contestou. “O governo não procurou os policiais para discutir a questão da reestruturação”, diz. Segundo ele, os profissionais perdem os adicionais quando se aposentam. Portanto, uma decisão que só favoreça quem está na ativa não agrada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.