Após três meses de investigação da Polícia Civil, com escuta telefônica autorizada pela Justiça, 18 policiais foram presos na manhã de hoje, acusados de envolvimento com traficantes, homicídio e extorsão. Eles trabalham no 12.º Batalhão de Polícia Militar e atuavam no bairro do Fonseca, em Niterói (Grande Rio). Um PM e 11 traficantes ainda estão foragidos, suspeitos de participação na quadrilha.
Policiais da 78.ª Delegacia Policial (Fonseca) chegaram até os PMs por meio de rastreamento de ligações feitas de telefones celulares e cruzamento de informações. Segundo o delegado Anestor Magalhães, titular da 78.º DP, os policiais cujos nomes não foram divulgados, recebiam propina para proteger o tráfico de drogas na Favela Vila Ipiranga, no Fonseca e vendiam drogas e armas.
As gravações mostram diálogos em que PMs negociam com criminosos a venda de armas e drogas apreendidas em outras operações. “Estou com uma mercadoria aqui, tu não quer pegar, não? Tem em torno de R$ 5 mil, tu dá R$ 2.500 e fecha negócio. Aí fica meio a meio, meio para você e meio para a gente”, diz um soldado.
Em outra ocasião, é oferecida uma pistola calibre 9 milímetros. “Depois dá um alô lá no amigo lá que eu estou com uma novezinha aí, na mão, aí, se tiver com um dinheirinho aí…”. O traficante se anima: “Ele vai querer, ele vai querer”.
A Polícia Civil também gravou conversas em que PMs e traficantes combinam o pagamento de suborno. Num dos trechos, o policial reclama que o valor oferecido pelo criminoso – três “pernas”, R$ 300 na gíria – era inferior ao combinado. “É quatro ‘pernas’… (Se a sua situação financeira) Tá ruim, você conversa com a gente que a gente deixa uma ‘perna’, mas o ‘arrego’ é quatro ‘pernas'”, diz.
Hoje, a Polícia Civil esteve no local à procura dos traficantes, mas ninguém foi preso. “Vasculhamos várias casas, que seriam os endereços dos traficantes, mas não tinha ninguém. Acho que a informação vazou”, disse Magalhães.
Na operação, amparada por mandados judiciais, foram encontradas 12 pistolas e 11 telefones celulares que serão periciados para facilitar a identificação de mais criminosos e acrescentar informações ao caso. “As investigações vão continuar. Temos mais 30 dias para terminá-las.” Os policiais serão autuados por associação para o tráfico, homicídio e concussão (extorsão praticada por autoridade pública).