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Polícia vai indiciar dono de barco que afundou no Pará

Após informar erroneamente o destino da embarcação e dizer que transportava apenas dois passageiros, Alcimar Almeida da Silva, o proprietário do barco Capitão Ribeiro, que afundou no Rio Xingu, será indiciado pela polícia do Pará. “O proprietário incorreu no crime de ter colocado em risco a vida das pessoas”, afirmou o delegado Élcio de Deus, de Porto de Moz, município onde morava a maioria das vítimas. A embarcação naufragou com 52 pessoas na terça-feira, deixando 23 mortos e 2 desaparecidos, segundo as informações oficiais.

Uma possibilidade de indiciamento é pelo artigo 261 do Código Penal, que prevê pena de 4 a 12 anos de prisão para quem “expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia” e o fato resultar em “naufrágio, submersão ou encalhe”.

Na quarta-feira, a Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA) revelou que o barco de Silva já havia sido autuado em junho por não ter autorização para transportar passageiros. Mesmo assim, continuava a fazer normalmente viagens uma vez por semana no trajeto entre Santarém e Vitória do Xingu.

Silva disse em seu depoimento que há cerca de três anos viajava com autorização da Marinha até o município de Prainha, uma distância de 170 quilômetros. Ocorre que, no dia em que o barco afundou, a rota era outra, para Vitória do Xingu, um percurso de 380 quilômetros, sem aval oficial.

Segundo a Marinha, sempre que uma embarcação se desloca deve ser feito um “despacho de saída”, informando o percurso. No caso da Capitão Ribeiro, só há despacho com prazo até 20 de outubro deste ano para o trajeto Santarém-Prainha.

Além disso, antes da viagem que resultou no naufrágio, Silva mentiu para a Capitania dos Portos ao declarar que transportava apenas 2 passageiros – e não os 52 que embarcaram em Santarém. Após o içamento do barco naufragado do fundo do Rio Xingu, na manhã desta sexta-feira, 25, os bombeiros ficaram surpresos ao encontrarem um automóvel dentro da embarcação.

Segundo autoridades portuárias, o veículo poderia ser transportado somente por balsa e não em uma embarcação destinada exclusivamente a passageiros. “Não é adequado transportar um carro nesse tipo de embarcação, porque ele pesa toneladas e o centro de gravidade do barco sobe, sujeitando-o a ficar com menor estabilidade e emborcamento”, afirmou o engenheiro naval Hito Moraes.

Mortos e sobrevivente

Na manhã desta sexta-feira, os corpos de duas crianças foram localizados. De acordo com o governo do Estado, as vítimas são uma menina com idade entre 8 e 10 anos e um menino, com idade aproximada entre 1 e 3 anos. As, crianças estavam no porão do barco e foram localizadas durante a retirada de mercadorias estocadas na área.

Os corpos foram levados para o município de Porto de Moz, onde está concentrada a estrutura montada de perícia médica. Com isso, o número de mortos chega a 23. Há 27 sobreviventes e dois desaparecidos, segundo informações do Pará.

As buscas continuarão até que sejam localizadas todas as vítimas do naufrágio. Ontem foi localizado mais um sobrevivente. Israel da Silva Souza passou por Vitória do Xingu, onde recebeu atendimento, e estava em Altamira. Todos os sobreviventes devem receber apoio psicológico do governo do Estado, considerando as possibilidades de trauma e depressão.

Causas

Também continuam as investigações sobre as causas do acidente. Para especialistas em meteorologia é duvidoso que uma forte tromba d’água, assemelhada a um “tornado”, tenha feito a embarcação virar, como apontaram inicialmente as testemunhas. À Rede Liberal, o coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) José Raimundo Abreu de Sousa, destacou a importância de se observar a dinâmica dos ventos no momento da tragédia. “Ventos girando em torno de 60 km por hora seriam uma possibilidade.” Imagens por satélite feitas pelo Sistema de Proteção da Amazônia apontam para forte temporal na hora do acidente, com vendavais passíveis até de destelhar casas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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