São Paulo – A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou ontem à noite que o segurança da Presidência da República, que ainda está hospitalizado, voltou atrás em sua afirmação. O cabo Nivaldo Ferreira Santos havia reconhecido os dois homens que assaltaram o carro Astra do filho do presidente. Mas, depois, Santos disse que os suspeitos não são os criminosos.
Os dois suspeitos foram detidos ontem na Favela Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, e levados ao Hospital do Exército para que Santos os reconhecesse. Num primeiro momento, o cabo da polícia do Exército Nivaldo Ferreira Santos havia reconhecido informalmente um dos suspeitos como sendo o criminoso que atirou contra ele e o seu colega, o subtenente do Exército Alcir José Tomazzi, morto com um tiro na cabeça durante o assalto. Mas no momento de confirmar a afirmação em depoimento, mostrando-se confuso, ele disse ao delegado que não teria condições de fazer tal acusação.
Um dos suspeitos, um estudante de 21 anos, ainda apresentou um álibi convincente. Ele disse que estava na escola anteontem à noite, no horário do roubo do Astra, e que um colega poderia confirmar a sua história. O outro suspeito é irmão do estudante e trabalha em uma lavanderia. Testemunhas do crime também foram à delegacia e não reconheceram os suspeitos.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, chegou a confirmar que o cabo Nivaldo tinha reconhecido os dois suspeitos e que, segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, os exames das impressões digitais revelavam que havia 99% de chances de pelo menos um dos suspeitos ser o criminoso. O ministro chegou a dar o caso como praticamente esclarecido. “Eles foram reconhecidos, essa é a informação do secretário. E também eles identificaram a impressão digital, que é 99% semelhante a de um dos dois detidos. Isso está sendo conferido no Instituto de Criminalística, mas parece que o caso está efetivamente desvendado”, declarou Bastos.
Segundo o ministro, a polícia de São Paulo “fez um trabalho eficiente”. Ele afirmou que a Polícia Federal também colaborou na prisão dos suspeitos e destacou a atuação conjunta das polícias. Bastos disse que “foi um caso de crime comum, de violência desenfreada”. “Os assaltantes nem sabiam que era o filho de presidente que saiu do carro”, disse Bastos, salientando que os acusados deverão ser julgados por latrocínio (roubo seguido de morte), uma vez que o subtenente do Exército Alcir José Tomazzi, que também fazia a segurança de Sandro Luiz, levou um tiro na cabeça durante o assalto e morreu. O cabo foi ferido na mão e no tórax e não corre risco de vida. Sandro Luiz não viu quando os bandidos trocaram tiros com os seguranças. Ele estava visitando a namorada.
Escapou da guerra. Morreu no Brasil
São Paulo
– O subtenente do Exército Alcir José Tomasi, de 35 anos, baleado na noite de anteontem durante assalto ao filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, morreu ontem de manhã no Hospital Municipal de Santo André, na Grande São Paulo. Ele morreu após falência múltipla dos órgãos, segundo o hospital, em decorrência do projétil que transfixou seu crânio. Segundo boletim médico, o militar já chegou ao hospital em estado de coma profundo. O militar tinha 26 anos de serviço ativo no Exército e nos últimos três anos, exercia atividade de segurança de autoridades na Presidência da República. Tomasi havia participado da missão de paz das Nações Unidas na guerra de Kosovo, na Europa, onde serviu por seis meses, reunindo portanto grande experiência profissional nas mais complexas missões. A Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República divulgou nota com declarações de Lula sobre a morte de Tomasi: “O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifesta ao povo brasileiro sua dor pela morte do Sub-Tenente do Exército Brasileiro Alcir José Tomasi, ocorrida nesta madrugada, quando exercia a função de segurança de Sandro Luís Lula da Silva, filho do Presidente”.