Rio de Janeiro – O editor de imagem da Rede Globo Carlos Alberto de Carvalho, de 39 anos, que estava desaparecido há nove dias, vai ser processado por falsa comunicação de crime e terá a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico solicitada à Justiça pela Polícia Civil. Ele reapareceu hoje e contou que foi seqüestrado por traficantes da Favela da Rocinha, mas a polícia tem comprovantes de que ele ficou hospedado em um hotel em Copacabana e num motel de Vila Isabel. “É uma história fantasiosa e isso faz a polícia questionar se o seqüestro que ele teria sofrido por traficantes da Rocinha anteriormente também não tenha sido uma farsa”, disse o chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, ao explicar porque pediria a quebra de sigilo bancário e fiscal do editor. Durante o período em que Carvalho ficou desaparecido, três delegacias foram mobilizadas para apurar o caso – o 15.ª Distrito PolicialP (Gávea), onde foi comunicado o sumiço do editor, a Delegacia Anti-Seqüestro, porque ele teria sido vítima de um seqüestro anteriormente, e a Delegacia de Homicídios, especializada em busca a desaparecidos. Ele também deixou a família em desespero. Eles temiam que Carvalho tivesse sido assassinado pelos mesmos traficantes que mataram o jornalista Tim Lopes. Segundo a versão de Carvalho, ele teria sido abordado por dois homens em uma motocicleta, quando saía da TV Globo. Um dos homens teria assumido a direção do seu carro. Ele foi colocado na garupa da moto e levado para a Rocinha. Carvalho conta que entre os dias 15 e 20 de agosto foi interrogado sobre a reportagem “Feirão das Drogas”, produzida por Tim Lopes. Como não sabia de nada, foi liberado na Rua Miguel de Lemos, em Copacabana. Mas não voltou para casa. Preferiu se hospedar num motel e ficar pelas ruas. Ele só retornou para casa às 6h30 de hoje e se apresentou à polícia. “Ele é muito amado e estamos dando todo o apoio a ele”, disse a irmã, Sylvia Helena. Quando a polícia começou a investigar o sumiço, descobriu que Carvalho se hospedou entre os dias 16 a 19 no hotel Praia Lido. Neste período, ele recebeu a visita de duas pessoas, que foram localizadas pela polícia e confirmaram que estiveram com o editor. Do hotel, ele seguiu para o motel Rosa da Vila, em Vila Isabel. Carvalho também fez saques em caixas eletrônicos em Copacabana e no Méier. A polícia conseguiu os boletos assinados por Carvalho no hotel Praia Lido e a imagem do saque num dos caixas. “As pessoas têm que ter responsabilidade. Temos diversos crimes reais sendo apurados e as pessoas não devem ocupar a polícia com histórias fantasiadas. Isso não é atitude de cidadão, é atitude criminosa”, afirmou Teixeira. A falsa comunicação de crime é previsto no Código Penal e tem pena de 1 a 6 meses de prisão. Perguntado se Carvalho seria demitido, o advogado da Rede Globo Paulo Freitas Ribeiro, que acompanha o caso, disse que isso ainda seria avaliado pelo departamento jurídico. Esta é a terceira vez que Carvalho desaparece. Além dos supostos seqüestros que teria sofrido por traficantes da Rocinha, ele deixou de trabalhar por dois dias, no ano passado, e alegou que procurava o pai, que também teria sido vítima de um seqüestro relâmpago. Carvalho é editor de imagens do programa Esporte Espetacular.
Polícia processará editor da Globo e pedirá quebra de sigilos
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