O Ministério Público Federal pediu ontem à Polícia Federal para que o presidente licenciado da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, seja conduzido com uso de força policial na próxima sexta-feira, se faltar pela terceira vez ao depoimento. Ontem, Paulinho não compareceu no horário marcado para ser ouvido pelo procurador Célio Vieira da Silva, que veio de Marília especialmente para ouvi-lo. Por meio de sua assessoria, o sindicalista alegou que não foi notificado, porque está viajando pelo interior de São Paulo, em campanha, uma vez que é o vice na chapa do candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes.

São Paulo – O procurador Célio Vieira da Silva também afirmou que pedirá à Polícia Federal a instalação de um inquérito para averiguar a possível prática de crime de desobediência de ordem legal. Silva informou que o oficial de Justiça entregou a intimação no dia 22 de agosto ao advogado de Paulinho, Antônio Rosella, que tem procuração do sindicalista para representá-lo no processo. A secretária do sindicalista, identificada pelo procurador apenas como Mara, recebeu no mesmo dia uma cópia da intimação para hoje, mas não quis assinar o documento.

O procurador abriu um procedimento investigatório em setembro de 2001 para investigar a denúncia de um suposto superfaturamento na compra da fazenda Ceres, em Piraju, pela Associação dos Agricultores Força da Terra, ligada à Força Sindical. “O que nós estamos vendo é um descaso para o esclarecimento da verdade e dos fatos. A primeira conseqüência é pedir a condução coercitiva, se ele não vier na sexta-feira, para que a Polícia Federal possa trazê-lo até a Procuradoria. Também estou pedindo a instauração de um inquérito para apurar possível crime de desobediência de ordem legal”, disse.

Segundo o procurador, a partir do recebimento do ofício, a Polícia Federal já ficará em alerta na próxima sexta-feira e sairá à procura de Paulinho se ele não estiver na Procuradoria no horário determinado, que ainda não foi marcado. O procurador deveria ouvir ainda ontem mais dois depoimentos no inquérito: o ex-assessor especial da Força Sindical e que representava o Banco da Terra em Piraju, João Pedro de Moura, e um dos proprietários da fazenda, Afonso Fernandes Suniga.

De acordo com Silva, a propriedade de 306 alqueires custou R$ 2,3 milhões, mas a perícia do próprio Ministério Público Federal avaliou que a propriedade vale R$ 1,3 milhão. Além disso, o procurador informou que o exame topográfico revelou que a fazenda possui na verdade 302 alqueires, sendo que 17,1% da área serve para fins de agricultura. “Por uma coisa que não valia tal quantia, essa propriedade nunca serviria para fins de assentamento, pagaram mais do que o normal e não tenho dúvidas quanto ao superfaturamento. O que eu quero saber agora é o destino desse dinheiro”, afirmou. Silva disse ainda que não há qualquer conotação política nessa investigação e lembrou que a denúncia partiu da própria associação de agricultores no final de julho, quando Paulinho ainda não havia sido indicado como o vice de Ciro Gomes. “Isso é mera especulação”, afirmou.

Além dos problemas enfrentados com a compra desse terreno, Paulinho também adquiriu no interior do Paraná uma outra propriedade em nome de seu irmão. O caso não foi comentado pelo candidato a vice de Ciro Gomes.

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