A Polícia Civil de São Paulo admitiu pela primeira vez a ligação da quadrilha que levou R$ 27,7 milhões da transportadora de valores Transnacional, em 6 de dezembro, com “a facção ou facções criminosas”. Em ofício encaminhado à Justiça, o delegado Marco Antonio Fogolin, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), aponta oito homens e duas mulheres pelo maior furto da história de São Paulo. Dos dez, oito estão presos e dois seguem foragidos.
Todos foram denunciados pelo Ministério Público Estadual por furto qualificado e formação de quadrilha. O Deic instaurou novo inquérito para apurar a participação de mais pessoas na ação, feita a partir de dois túneis. Uma casa na Rua José Mascaro, comprada à vista e em dinheiro por R$ 160 mil, serviu de base para a quadrilha.
As identidades dos mentores do assalto ainda são desconhecidas. “Os túneis, a iluminação, o projeto, a paciência, a execução, etc., toda a ação criminosa foi semelhante ao fato nacionalmente conhecido como ‘Furto do Banco Central de Fortaleza'”, escreveu o delegado, em referência ao ataque de agosto de 2005, em que criminosos roubaram R$ 164,8 milhões dos cofres do BC na capital cearense.
Até agora, os principais detalhes sobre os quatro meses de escavação dos túneis vieram do depoimento de Agatha Suzana Brasil de Almeida, que trabalhou como “empregada doméstica” do grupo que invadiu a Transnacional. O convite de “emprego” partiu de um ex-namorado, depois que a antiga doméstica precisou sair para fazer um aborto.