A Polícia Civil de São Paulo investiga a participação de ecoextremistas no incêndio ocorrido sexta-feira na concessionária de veículos de luxo Land Rover da Marginal do Pinheiros, na zona oeste da capital. A suspeita surgiu depois que um grupo de ativistas – que se identifica como Frente de Libertação da Terra (FLT) – assumiu por carta a autoria, no mesmo dia do suposto ataque, em fóruns da internet. No início da semana, a informação, publicada em português e espanhol, espalhou-se por blogs e listas de e-mail.
“É uma hipótese plausível e será uma nova linha de investigação”, diz o delegado responsável pelo inquérito, Ricardo Arantes Cestari, do 14.º Distrito Policial (Pinheiros). “Estamos analisando todas as informações e vamos procurar as pessoas que publicaram o texto pela internet.”
O andamento da investigação depende ainda da conclusão da perícia técnica sobre as causas do acidente, o que provavelmente deve ocorrer até o fim do mês. Mas outros indícios apontam para a atuação de extremistas no incêndio que destruiu oito Land Rovers e deu um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhão. Uma testemunha disse a policiais ter visto três jovens jogarem um artefato por cima do muro da concessionária por volta das 2 horas e fugido minutos depois, em um carro branco. A Polícia Civil acredita que o objeto possa ter sido um coquetel incendiário. Segundo o texto assinado pelo grupo, os gastos com o material explosivo foram de apenas R$ 10 – uma maneira “simples, barata e eficiente de destruição”.
Há também o precedente histórico. Apesar de não serem comuns no Brasil, atentados de ecoextremistas são frequentes nos Estado Unidos e na Europa há pelo menos três décadas. E um dos principais alvos dos ativistas são os utilitários esportivos, comumente relacionados ao elevado consumo de combustível – como menciona o comunicado. A carta ainda termina com ameaça de novos atos.
Além de crime com fins políticos, a polícia também trabalha com a possibilidade de vandalismo comum ou mesmo de golpe de seguro, já que a maioria dos carros atingidos pelo incêndio – cujo valor médio é de R$ 200 mil – estava segurada. A hipótese de uma pane elétrica ter provocado o incêndio é considerada remota pelos policiais. Procuradas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a concessionária e a Land Rover afirmaram que a investigação é atribuição da polícia e não quiseram se pronunciar sobre o possível envolvimento de ativistas.