Cuiabá (AE) – A decisão do delegado federal Diógenes Curado de abrir uma nova linha de investigação sobre a compra por petistas de dossiê contra tucanos, nas últimas eleições, mostra que a Polícia Federal continua sem pistas concretas da principal questão: a origem dos R$ 1,7 milhão apreendidos no hotel Íbis, em São Paulo. Curado decidiu investigar se há ligações entre funcionários da Petrobras e os petistas envolvidos na operação.
Ele investigará as ligações telefônicas entre Hamilton Lacerda – ex-coordenador da campanha de Aluizio Mercadante ao governo de São Paulo, acusado de ter levado o dinheiro para a compra do dossiê – e o gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa. Também quer saber se há alguma ligação entre dinheiro da estatal repassado para ONGs e a verba recolhida pelos petistas para a operação.
Após seis dias em diligências no Rio de Janeiro, houve um ?retrocesso? nas investigações, como admitem policiais federais de Cuiabá. O próprio delegado, em entrevista no Rio, informou que terá que fazer ?um novo redirecionamento das investigações?. Ontem, em segredo, ele saiu de Cuiabá para novas diligências.
Ele já tem dúvidas se parte dos US$ 248 mil dólares encontrados com os petistas passou pela agência de turismo Vicatur, de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Na apreensão do dinheiro foram encontrados dois pacotes de dólares com notas seriadas, que entraram no Brasil através do Banco Sofisa: um de US$ 79 mil e outro com US$ 29 mil.
Um relatório da Diretoria de Investigação Financeira do DPF em Brasília mostrava que a Corretora Dillon havia adquirido exatamente US$ 79 mil dólares do Sofisa e revendido para a Vicatur. Mas o diretor da corretora que foi ouvido no Rio, terça-feira, Luiz Carlos Fabriani, explicou que apenas US$ 42 mil foram entregues à agência de turismo. O restante dos dólares foi revendido no mesmo dia ao próprio Banco Sofisa. Como a corretora não registra o número das cédulas que vende, a Polícia Federal não tem como provar se são os mesmos dólares.
Também no caso dos R$ 5 mil que seriam do jogo do bicho do Rio permanecem dúvidas. Depois do depoimento do bicheiro Antônio Petrus Kallil, o Turcão, Curado ficou convencido de que ele não está envolvido. Agora pedirá à Federal do Rio que investigue os bicheiros Antônio Jaíder Soares, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e Weber Stábile, do bairro de Campo Grande, zona oeste. Com o dinheiro apreendido estavam duas fitas de máquinas de calcular com carimbos ?118-Caxias? e ?119-Campo Grande?, que os federais acham que são oriundos dos bicheiros.