Quatro etíopes que declararam ser fugitivos da perseguição religiosa naquele país foram presos na última quarta-feira (7) pela Polícia Federal tentando embarcar no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. Eles usavam passaportes falsificados de sul-africanos e pediram refúgio ao Comitê Nacional de Refugiados (Conare), em Brasília, para continuar no Brasil.
Segundo o delegado da PF Marcelo Dias, Manaus ainda não havia sido usada como corredor para refugiados da Etiópia, sendo comuns os casos de colombianos. No depoimento, de acordo com o delegado, os quatro disseram não se conhecer, mas três deles – um casal e um adolescente de 16 anos – foram detidos no aeroporto ontem e um outro adulto foi preso no mesmo local anteontem. O que foi preso sozinho, Efren Fasil Akalu, de 38 anos, foi detido em flagrante tentando embarcar para o Canadá. Os outros três, Amiose Bonjani, Josephine Sibonyhile e o adolescente, foram presos tentando embarcar para a Colômbia.
"Os três disseram que se conheceram após chegar, o casal em outubro e o rapaz em setembro, como clandestinos em um barco no porto de Santos. Lá começaram a viajar de ônibus e de barco com o intuito de sair do Brasil para qualquer país da América Central ou Canadá, onde falassem inglês", disse o delegado.
Os quatro anunciaram que tinham pouco dinheiro, mas poderiam ter viajado de avião. Só não o fizeram antes por medo de serem pegos com os passaportes falsos, com a naturalidade da África do Sul. Segundo o delegado, até que seja deferido ou não o pedido de refúgio, os três adultos ficarão detidos na Cadeia Pública, para onde foram transferidos no início da tarde de hoje. O garoto foi levado para a delegacia de proteção à criança e adolescente.
Em depoimento, os três disseram que sofriam perseguição religiosa na Etiópia por terem se convertido ao cristianismo. Efren teria afirmado que trabalhava na agricultura e tinha concluído curso superior, mas não conseguiu emprego na área de biologia por conta da perseguição.