Canhedo não explicou sua história. |
Brasília – O presidente da Vasp, Wagner Canhedo, foi preso pela Polícia Federal anteontem à noite, quando se dirigia para casa, logo após regressar à capital federal depois de trabalhar normalmente em São Paulo. A ordem de prisão foi decretada pelo juiz David Rocha Lima de Magalhães e Silva, da 8.ª Vara de Execuções Fiscais da Justiça Federal em São Paulo.
O empresário Wagner Canhedo é acusado de ser depositário infiel em três processos movidos pela Previdência Social, cujas dívidas estariam em torno de R$ 100 milhões. Canhedo, que pode recorrer da decisão, é acusado de ter descontado a contribuição previdenciária de seus funcionários, sem repassá-la para a Previdência.
Canhedo chegou por volta das 21 horas na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, conduzido por quatro agentes. Ele passou a noite e o dia de ontem em uma sala, já que a cela especial está sendo ocupada pela auditora fiscal aposentada Norma Regina Emílio Cunha, envolvida no esquema de venda de sentenças judiciais descoberto pela Operação Anaconda.
O empresário deverá continuar preso no Distrito Federal, à disposição da Justiça em São Paulo. No final da tarde, Wagner Canhedo Filho tentou visitar o pai, sem sucesso. Dois advogados do empresário entraram com pedido de habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até o início da noite, ainda não havia uma decisão da Justiça.
Segundo fontes da Polícia Federal, o carro do empresário foi interceptado por uma viatura da Polícia Federal nas proximidades de sua residência na Península dos Ministros, no Lago Sul, região nobre da capital. Ele não demonstrou qualquer ato de resistência à prisão. Na manhã de hoje, a Vasp montou uma operação para despistar a prisão de Canhedo. O jatinho particular, que todo dia, por volta das 9 horas, leva o empresário a São Paulo, levantou vôo normalmente. Enquanto isso, a assessoria da companhia aérea informava que Canhedo trabalhava normalmente no sede da empresa na capital paulista.
Canhedo teve suas dívidas executadas no ano passado pelo mesmo juiz que decretou sua prisão. Além disso, o empresário teve alguns de seus bens e 5% do faturamento da Vasp penhorados pela Justiça, mas ele não teria cumprido a decisão judicial. Canhedo também não explicou na Vara de Execuções Fiscais o descumprimento das ordens, sendo considerado depositário infiel.