Depois de convencer até os dirigentes do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) sobre sua conversão de inimigo para amigo das onças, Antônio Teodoro Melo Neto, de 71 anos, o “Tonho da Onça”, foi identificado como coordenador de verdadeiros safáris contra a espécie, realizados no Pantanal e no Parque Iguaçu (PR).
A identificação foi feita na Delegacia da Polícia Federal (PF) de Corumbá, onde um grupo de 15 pessoas foi preso. Sete delas foram surpreendidas quando estavam prontas para mais uma caçada. Um dos presos é o filho de Tonho da Onça, Marco Antônio Moraes de Melo. Tonho conseguiu fugir.
A prisão aconteceu durante a madrugada de hoje, depois de 2 anos de investigações. Em 1990, quando já havia computado 600 mortes do gênero, Tonho da Onça jurou ter deixado a vida de caçador e começou a trabalhar com os fiscais do Ibama, ajudando na localização e dominação dos felinos para fixação de aparelhos que permitem o monitoramento, facilitando a preservação dos animais.
O organizador dos safáris é Eliseu Augusto Sicoli, segundo a PF, esclarecendo que ele é cirurgião dentista e professor titular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Ele teria contratado Tonho da Onça para coordenar as caçadas. “Ele (Eliseu) disse que o arsenal dele é maior do que o da delegacia onde ele está”, disse o delegado da PF em Corumbá, Paulo Machado Nomoto. Cada participante do safári pagava US$ 1.500,00 por dia de caçadas.
Em 2008, o Ibama constatou o desaparecimento de machos e fêmeas monitoradas, e abriu sindicância para apurar o caso. O resultado final foi o desencadeamento da Operação Jaguar, composta por agentes da Polícia Federal e do Ibama, que durante a noite de ontem cercaram o local onde os caçadores estavam reunidos, prontos para o safári, em Sinop (MT). Marco Antônio Melo e seis turistas argentinos foram presos. A PF também apreendeu munições, armas e vários cães de caça.