Os 430 policiais federais e 110 auditores fiscais que saíram às ruas ontem de madrugada fizeram um estrago e tanto em um dos maiores esquemas de contrabando do País.
Policiais e ex-policiais acabaram presos e foram apreendidos caminhões carregados com câmeras digitais e descobertos galpões recheados de produtos que entraram ilegalmente no País. Até um representante da Samsung no Brasil, o comerciante Ha Yong Um, foi detido na Operação Plata.
No total 15 pessoas foram presas, inclusive o homem apontado como chefe do esquema, o comerciante José Antonio Martins. Ele escapou da PF pela manhã com a ajuda de um agente federal, que lhe contou sobre a operação. O agente acabou preso, assim como Martins, que foi detido à tarde em um táxi perto da Avenida 23 de Maio.
Além do agente, dois ex-policiais civis tiveram a prisão decretada. Um, Rubens Bolorino, foi detido em São Paulo. O outro é o líder do grupo de extermínio de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Ricardo José Guimarães. Acusado de nove assassinatos, Guimarães protagonizou em 2004 uma fuga escandalosa do presídio da Polícia Civil paulista. "Ele gerenciava as atividades de Martins no Uruguai", disse o delegado Vítor Hugo Rodrigues Alves da PF.
O Uruguai era um dos lugares onde a quadrilha atuava. Tudo começava na Ásia, principalmente na Coréia do Sul, de onde vinha 50% do contrabando. De lá, o carregamento ia para Miami, nos Estados Unidos, onde era recebido pelo brasileiro Clévio de Gáspari. Ele cuidava do envio de tudo para o Uruguai, onde o material era recebido por Guimarães a pedido de Martins. A mercadoria passava pelo Uruguai e Estados Unidos em regime de trânsito alfandegário e não pagava impostos.
Quando chegavam ao Uruguai, os produtos, a maioria eletroeletrônicos e hospitalares, eram carregados em fundos falsos de caminhões para entrar no Brasil. Os veículos passavam pelos três postos da fronteira em que a fiscalização da Receita Federal se encerra às 18 horas.
Martins controlava a entrada do material no Brasil e vendia os produtos a distribuidores em São Paulo, Santa Catarina Minas, Rio Grande do Sul e Rio. O principal era Ha. "Sou um empresário", disse. Ele revendia para grandes cadeias de lojas.
No Rio Grande do Sul, a PF prendeu 38 pessoas em 15 cidades – advogados, empresários, caminhoneiros e policiais civis. Há indícios ligando o bando ao desaparecimento de 2 policiais em Santana de Livramento (RS).