Brasília (AE) – A Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desmantelaram ontem, com a operação Novo Empate, uma quadrilha especializada na extração, transporte e comércio ilegal de madeira da floresta Amazônica. Montada no Acre e Rondônia, ela tinha ramificações no Amazonas, São Paulo e Mato Grosso.
Ao longo do dia foram presos 34 integrantes do grupo, entre eles três funcionários do Ibama e um do governo acreano, acusados de fornecer autorizações para desmatamento (Autorização de Transporte de Produto Florestal) em troca de suborno. Afastados das funções, eles responderão a processo e serão demitidos do serviço público. Os demais são madeireiros e lobistas. Também foram cumpridos 72 mandados de busca e apreensão nas empresas do esquema.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comemorou o êxito da operação, a nona desde 2003 contra quadrilhas especializadas em crimes ambientais. No total, foram presas 261 pessoas, 75 das quais servidores públicos e interditadas 400 madeireiras ilegais, contra as quais foram aplicadas multas num montante de R$ 1,8 bilhão.
Fraude
A fraude consistia na retirada de ATPFs no Ibama em nome de empresas fantasmas e também de outras regulares por um intermediário que as repassava para supostos madeireiros. Estes, por sua vez, vendiam as ATPs por R$ 4 mil, em média, a outros empresários do ramo, gerando um crédito indevido de madeira mediante dados cadastrais falsos. A investigação começou com sindicância do Ibama, que constatou as irregularidades na emissão e controle de ATPFs no Acre. As informações foram repassadas em agosto de 2005 para a PF, que abriu inquérito criminal. Só um intermediário retirou 7.540 ATPFs no Acre, em 2004, o que representa quase 50% de todas as autorizações emitidas no estado naquele ano. A fraude não teria sido possível sem a colaboração de servidores corruptos do Ibama.