João Pessoa – Uma operação envolvendo cerca de 90 policiais federais da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco prendeu ontem, em João Pessoa, 15 pessoas acusados de participarem de uma organização criminosa especializada na concessão fraudulenta de auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a falsos doentes mentais. Dentre os presos pela Operação Alienista estão dois médicos psiquiatras, um médico perito, três funcionários do INSS e um candidato a vereador em João Pessoa. A operação fraudava o instituto em R$ 6 milhões por ano.
A PF cumpriu mandados de prisão expedidos pela 1.ª Vara da Justiça Federal na Paraíba. Dois acusados continuavam foragidos até o final da tarde. O inquérito policial tramita em segredo de Justiça. Segundo a PF, o chefe da organização criminosa é o ex-servidor do INSS e candidato a vereador pelo PTC, James da Costa Barros. O delegado Cláudio Rodrigues Costa, responsável pela comunicação social da PF na Paraíba, disse que o candidato a vereador “foi demitido do órgão em 1984, a bem do serviço público e mantém escritório especializado na concessão de benefícios fraudulentos, localizado no centro da capital paraibana”.
O delegado afirmou que os psiquiatras concediam atestados médicos a pessoas selecionadas pelo candidato a vereador. Os futuros beneficiários eram encaminhados por Barros a duas agências do INSS, onde estão lotados três funcionários que fazem parte do esquema. Os funcionários, conforme a PF, recebiam comissões por cada consulta indicada ao perito José de Souza Cardoso, que homologava os atestados médicos.
O número de contemplados com a fraude já chega a 600 pessoas, segundo o delegado. Ele disse que cada uma recebia, em média, R$ 1 mil por mês e entregava entre 20% e 30% ao candidato a vereador, sob pena de ser enviada a outros peritos quando fosse fazer a reavaliação médica. O diretor nacional de benefícios do INSS, o paraibano Ruy Leitão, disse que a ação do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Federal foi articulada depois que a direção do órgão na Paraíba constatou indícios de fraude na concessão exagerada de benefícios. Segundo ele, a perseguição contra os fraudadores do INSS vai continuar em todo o Brasil. “O governo federal quer colocar todos os fraudadores na cadeia”, disse Leitão.