Polícia Federal pede a quebra do sigilo de Severino

  José Cruz / ABr
José Cruz / ABr

Severino: história de que dinheiro foi para campanha de filho morto não colou.

Brasília – Uma pesquisa feita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que Severino Cavalcanti Júnior, filho do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, declarou gastos de apenas R$ 33,12 à Justiça Eleitoral durante a campanha de deputado estadual por Pernambuco em 2002.

O volume de gastos está bem abaixo do cheque de R$ 7.500 que Gabriela Kênia S. S. Martins, secretária do presidente da Câmara, sacou da conta do empresário Sebastião Augusto Buani e que teria sido usado na campanha do filho de Severino. Segundo a Polícia Federal, a diferença entre os dois números demonstra a tese de Gabriela Kênia de que Buani teria feito uma doação eleitoral a Severino Júnior. O filho de Severino morreu em agosto de 2002 num acidente de trânsito.

A PF concluiu, portanto, de que a defesa apresentada pelos advogados de Severino é mentirosa ou houve crime eleitoral pelo filho do deputado. De acordo com as informações do TSE, Júnior arrecadou apenas R$ 1.000 para a sua campanha e gastou somente R$ 33,12, nenhum centavo gasto em gráficas, ao contrário do que afirmou a secretária de Severino.

Mais: as informações do TSE mostram que Severino Cavalcanti e sua filha Ana Cavalcanti, que também concorreu em Pernambuco, fizeram todas as despesas de campanha no estado. Seria de estranhar, na avaliação da PF, que apenas Júnior tivesse gastos em Brasília, como afirmou a secretária de Severino.

Diante das novas informações, o depoimento de Gabriela Kenia, que era considerado pouco robusto, agora tornou-se "muito pálido" na avaliação da Polícia Federal. E a secretária, seja verdadeira a versão de caixa dois, seja verdadeira a versão de pagamento de propina, será responsabilizada pelos crimes realmente cometidos.

A PF sugeriu ainda ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura as denúncias de pagamento do mensalinho o pedido de quebra de sigilo bancário e telefônico do presidente da Câmara e do dono do restaurante Fiorella, Sebastião Buani. Para a PF, o acesso aos dados bancários e telefônicos ajudará a certificar se as denúncias de que Buani teria pago uma mesada de aproximadamente R$ 10 mil a Severino para renovar o contrato do restaurante é verdadeira. Buani disse que teria pago a mesada entre 2002 e 2003, período em que Severino era primeiro-secretário da Câmara. No inquérito, a PF sustenta que existem "indícios veementes de crime praticado por parlamentar".

Conversa

Severino manifestou, segundo assessores, o desejo de falar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda ontem, mas não tem ainda nenhuma audiência marcada. Ainda segundo assessores do presidente da Câmara, a conversa poderia ser por telefone. O presidente da Câmara ficou confinado em sua casa, em Brasília, desde a revelação de que sua secretária sacou um cheque da conta do empresário Sebastião Buani, que o acusa de cobrar propina para renovar o contrato de um restaurante na Câmara, quando Severino ainda era primeiro-secretário da Casa, de 2002 a 2003.

A disposição de Severino, de acordo com os assessores, é permanecer em Brasília neste fim de semana, para refletir sobre a decisão que tomará na próxima semana, se renuncia ou não ao mandato e, conseqüentemente, à presidência da Câmara. O deputado foi ao oftalmologista na manhã de ontem, para revisão da cirurgia de catarata que fez há três semanas.

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