Brasília – A Polícia Federal fez ontem uma operação de busca e apreensão no escritório de contabilidade Prata e Castro Associados, que presta serviços a agência de publicidade SMP&B, do publicitário Marcos Valério de Souza, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos responsáveis pelo suposto pagamento de propinas a deputados do PP e do PL para votar com o governo.
O escritório fica na Avenida Amazonas, no bairro do Prado, em Belo Horizonte. Além do envolvimento no mensalão, o publicitário seria, segundo Jefferson, um dos emissários da entrega de R$ 4 milhões do PT ao PTB. A Justiça Federal não autorizou a polícia a fazer buscas na casa e na agência de Marcos Valério. A polícia investiga ainda a denúncia da ex-secretária do publicitário, Fernanda Karina Somaggio, de que a SMP&B ganhou indevidamente uma licitação nos Correios.
Ontem, Fernanda Karina confirmou ao Ministério Público Federal as denúncias que já havia feito em depoimento à Polícia Federal. Ela foi ouvida, durante três horas, pelo procurador da República Luiz Fernando Viana. Fernanda assinou um documento se comprometendo a só dar declarações sobre o caso à polícia.
Na quarta, a secretária confirmou as denúncias de que Marcos Valério era o responsável por pagamentos a políticos, como troca de favores. Ela disse que os encontros do publicitário com políticos da cúpula do PT e de outros partidos eram freqüentes e afirmou ainda ter presenciado a saída de malas de dinheiro da agência para os pagamentos. A ex-secretária de Marcos Valério também vai prestar depoimento à CPI dos Correios, em data ainda a ser marcada.
Também na quarta, o Diretório Nacional do PT distribuiu nota oficial informando que os dirigentes petistas citados por Karina em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na terça-feira, vão processá-la. Ao acusar seu ex-chefe, o publicitário Marcos Valério, de ser o cabeça do esquema de pagamento de propinas a políticos, Fernanda Karina afirmou que ele falava com freqüência, pelo celular, com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e com o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira. A ex-secretária disse ainda que eles viajaram juntos várias vezes no avião emprestado pela direção do Banco Rural.
A ex-secretária disse que Marcos Valério teria o hábito de sacar altas somas de dinheiro antes de reuniões com políticos. Ela também relatou que seu ex-patrão mantinha relações estreitas com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) e o ex-presidente da Câmara de Deputados João Paulo Cunha (PT-SP).