Polícia Federal faz operação contra pedofilia

Rio de Janeiro – Policiais federais da Delegacia de Polícia Federal em Volta Redonda e da Delegacia de Defesa Institucional (Delinst) da Superintendência Regional no Rio de Janeiro (SR/RJ) prenderam na manhã de ontem, durante a Operação Anjo da Guarda, no Bairro Belvedere, em Volta Redonda, o professor de lutas marciais Anderson Luís Juliano Borges Costa, de 33 anos, por abuso sexual de pelo menos 20 crianças e por ter produzido, divulgado e trocado no exterior, fotos e vídeos de atos sexuais com menores de idade.

Após nove meses de investigação, a operação, que desmonta no País uma rede nacional e internacional de pedofilia, está sendo desencadeada, com 18 buscas e apreensões no Rio de Janeiro, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro, além de cumprir o mandado de prisão, os policiais realizaram um mandado de busca e apreensão, expedido pela 7.ª Vara Federal Criminal da capital e outro pela 10.ª Vara Federal de Brasília. Um no local da prisão e o outro no Bairro da Liberdade, na cidade de Resende, sul do estado, em busca de novas provas contra a rede de pedofilia.

Acervo apreendido

Em dezembro do ano passado policiais federais já haviam apreendido na residência de Anderson Costa 166 CDs e 2 computadores, os quais continham mais de 280 mil fotos de pornografia infantil, inclusive mostrando atos libidinosos com bebês e relações com crianças. Sua prisão só foi possível depois da produção de diversas provas, inclusive pelo Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília (órgão do Departamento de Polícia Federal), que ainda está analisando todo o acervo, que é considerado um dos maiores em poder de uma só pessoa e o maior já apreendido no Brasil.

Anderson Costa vai responder por atentado violento ao pudor (artigo 214 do Código Penal) e por ter produzido, distribuído e trocado fotos e filmes (artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente), crimes hediondos pelos quais poderá ser condenado a até 10 anos de prisão para cada criança que molestou.

No Paraná

A PF cumpriu três mandados de busca e apreensão, um na cidade de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, e dois em Guaíra, oeste do estado. Foram apreendidos computadores, CDs e disquetes. Na região de Curitiba o material estava em uma residência onde os crimes poderiam ter ocorrido. Em Guaíra dois endereços foram visitados, uma empresa de seguros e uma residência de um técnico de informática. Mas não foram encontrados fotos ou outros materiais que pudessem de imediato comprovar a ocorrência do crime de pedofilia. Agora os materiais seguem para análise. Nos próximos dias a PF de Brasília deve decidir se a perícia será feita no estado ou no Distrito Federal.

MP alerta para riscos contra crianças

Rio – O promotor de Justiça Romero Lyra, responsável pela Coordenadoria de Investigações Especiais Eletrônicas do Ministério Público estadual do Rio de Janeiro, faz um alerta sobre os perigos da pedofilia na internet. ?Não é porque a criança está em casa, fisicamente protegida entre quatro paredes, que está a salvo?. A atenção e o acompanhamento dos pais pode livrar os filhos de uma tragédia e, além disso, ajudar as autoridades a coibir esse tipo de crime, que utiliza a internet como ferramenta.

?Uma criança que é aliciada revela seqüelas irremediáveis, irreversíveis e, certamente, vai ser estigmatizada para a vida toda. É um crime sério, que a gente pode e deve evitar. A humanidade depende das crianças, se você aniquila, deixa seqüelas, mata, abusa, destrói a criança, você não vai ter humanidade. Se não cuidarmos hoje de nossas crianças, a humanidade corre sérios riscos?, diz o promotor.

Ele recomenda o acompanhamento da vida da criança na internet, verificando quais páginas foram visitadas, quais salas de bate-papo seus filhos freqüentam e quais os assuntos debatidos por eles nos grupos.

?Não é patrulhamento. Este acompanhamento faz parte do processo de formação da criança. A internet é uma porta aberta para a rua, para o submundo?, alerta.

Os pais precisam explicar para seus filhos que a pedofilia é um crime e que precisa ser denunciado.

?É preciso orientar as crianças a chamarem o pai ou a mãe quando notarem alguma coisa estranha. Muitas vezes a própria criança dá sinais de alerta quando olha o computador. Temos que fazer um alerta para o problema que é real, que não é virtual. Isso não é desenho animado, não é um filme produzido, é vida real, são crianças sendo torturadas.?

De acordo com o promotor, atualmente existem cerca de 20 mil sites na internet de pornografia infantil espalhados por todo o mundo. Combater a divulgação e a disseminação de pedofilia pela internet é uma ação difícil, que depende de normas e acordos internacionais.

?Não podemos agir quando recebemos uma denúncia de um site de pedofilia hospedado em outro país, o que torna tudo mais difícil. Há países como a China, por exemplo, em que a pedofilia não é vista como um crime?, diz ele, justificando a dificuldade de combater a pedofilia numa rede internacional.

Lyra acrescenta: ?Precisamos assinar tratados internacionais, ter uma regulamentação específica em cada país para podermos enfrentar o problema. Enquanto as regras e regulamentações não vêm, a melhor solução continua sendo caseira, com atenção, orientação e disponibilidade redobradas para os pequenos internautas, que ainda estão descobrindo a vida, mas já dominam o ciberespaço.?

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo