Polícia Federal em temporada de caça a autoridades

Depois de um ano em que conseguiu implodir esquemas de corrupção em Roraima e também na Justiça Federal de São Paulo, a Polícia Federal se prepara para mais megaoperações. Os novos alvos vão ser autoridades e o Rio de Janeiro pode estar entre os estados onde a PF deverá detonar operações como a Anaconda, que revelou esquema de favorecimento em decisões judiciais na Justiça Federal em São Paulo.

A direção da Polícia Federal prefere guardar sigilo sobre as futuras operações, mas admite que elas estão a caminho. ?Ainda estamos na fase de inteligência policial. Não se pode revelar sem pôr em risco a operação. Tenho hábito de dizer que nada me surpreende. O homem é falho. Estamos vendo aí todos os dias pessoas de reputação ilibada que tropeçam. Isso não pode surpreender em nenhuma situação. Tudo isso faz parte da natureza humana?, diz o diretor-executivo da Polícia Federal, Zulmar Pimentel Santos, coordenador-geral de todas as grandes operações feitas pela PF em 2003.

Ele diz que 2003 foi extremamente produtivo para a PF. E afirma que partiu do governo federal a ordem para que o combate ao crime organizado fosse uma prioridade da instituição. ?Passamos a adotar um procedimento diferenciado para atender a demanda de incidências criminais que chegaram ao nosso conhecimento. O ministro da Justiça (Márcio Thomaz Bastos) sempre enfatizou a importância do combate ao crime organizado. O enfrentamento mais direto à criminalidade, particularmente ao crime organizado, tem sido um aspecto muito enfatizado pelo governo atual?, disse Zulmar.

No ano passado, a Polícia Federal desbaratou quadrilhas milionárias e levou à cadeia juízes, políticos e até integrantes de seus próprios quadros. A operação mais importante foi a Anaconda, que desmontou um bando gigante. Foram presos dois delegados e um agente da PF, dois advogados, dois empresários e um juiz federal de São Paulo, João Carlos da Rocha Mattos. Em Roraima, a Operação Praga no Egito acabou com esquema que desviou R$ 500 milhões dos cofres do estado. Foram presas 40 pessoas, entre elas o ex-governador Neudo Campos.

Mesmo com restrição orçamentária, a PF teve um ano de ações devastadoras. Foram 12 grandes operações, com prisões ou denúncias formais contra três juízes federais, um subprocurador da República, mais de 100 policiais e integrantes de quadrilha internacional de traficantes de órgãos humanos.

Apesar de as ações contra o crime organizado terem dominado o noticiário no último ano, Zulmar sustenta que a PF também fez um bom trabalho na repressão ao tráfico de drogas. Um das prioridades é a fiscalização nas fronteiras.

?Este ano (o combate ao narcotráfico) perdeu por parte da mídia o enfoque, mas temos feito operações regulares. Temos operações periódicas em apoio ao Paraguai, que produz 80% da maconha consumida no Brasil?, diz ele.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo