A investigação da Operação Santa Tereza indica que, além do suposto desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o grupo capitaneado pelo ex-assessor do deputado Paulinho da Força (PDT-SP), João Pedro de Moura, também teria oferecido a municípios de cinco Estados a liberação de projetos no Ministério das Cidades, mediante pagamento de propina.
Segundo a Polícia Federal, Moura dividia parte da atuação da organização criminosa com outro assessor parlamentar, José Brito de França, lotado no gabinete do deputado Roberto Santiago (PV-SP). França também foi grampeado pela PF e em seus diálogos com integrantes do grupo ele cita o diretor de Produção Habitacional da Secretaria Nacional de Habitação, Daniel Nolasco como sendo seu facilitador no ministério. A PF relata uma escuta entre Brito e um dos presos na Operação Santa Tereza em que ele diz que irá a Brasília falar com o assessor direto de Nolasco. ?Ele vai me dar todos os caminhos?, disse Brito, de acordo com a investigação.
?Essa secretaria é do PC do B. Fala sobre a Funasa. É uma grana que sai muito fácil, pois está dentro do saneamento básico (…). Como é prioridade do governo, a gente tem facilidade?, orienta Brito, segundo a PF. As gravações mostram que Brito oferecia ainda alternativa para não envolver prefeituras, fazendo projetos em nome de organizações não-governamentais. ?Dá para fazer 200 casas com gestão de ONG, sem a prefeitura?, explica o assessor a um investidor do litoral paulista. Ele dá o preço para dois projetos de prefeituras no litoral: ?Tem que liberar uns 12, 15 paus.?
Em outra conversa, um interlocutor identificado pela PF como Sérgio alerta Brito sobre os prazos dos projetos para 2008. ?Diz que julho fecha por causa das contratações, ano eleitoral (…), Lei de Responsabilidade Fiscal, que não dá para ficar moscando.? A Polícia Federal parou de monitorar as ligações feitas por Brito por não associá-lo ao esquema do BNDES ao longo das investigações da Operação Santa Tereza.