Polícia Federal dirá origem do dinheiro antes do 2º turno

Rio (AE) – O diretor-geral da Polícia Federal (PF), delegado Paulo Lacerda, afirmou ontem esperar esclarecer antes do segundo turno das eleições, no dia 29, a origem do dinheiro empregado por petistas na tentativa de compra do dossiê Vedoin, material que seria usado na campanha eleitoral contra os tucanos. O policial declarou que no início da próxima semana a instituição encaminhará à Justiça um relatório sobre as investigações do caso, mas não esclareceu se o documento já explicará de onde saíram os recursos.

Lacerda confirmou ainda que pelo menos R$ 5 mil do R$ 1,75 milhão apreendidos pelos agentes federais que frustraram a operação podem ter saído de bancas do jogo do bicho, mas disse que ainda não é possível afirmá-lo com certeza. ?Uma pequena parte, pelo menos, sim (pode ter sido doada pelo jogo do bicho). Estamos verificando. Não existe ainda uma condição plena de afirmar, mas estamos chegando lá?, disse ele. ?Estamos nesse objetivo aí (esclarecer de onde veio o dinheiro), e acredito que vamos conseguir. Sou otimista. No momento estamos próximos de desvendar toda a origem desse dinheiro.?

Lacerda, que não mencionou o nome do bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão, apontado como possível doador dos R$ 5 mil nas apurações da PF, participou com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e outras autoridades, da aula inaugural do segundo curso de capacitação de guias cívicos para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio. Thomaz Bastos também não confirmou o nome de Turcão como possível fonte do dinheiro do dossiê. ?Pode ser que seja, pode ser que não seja?, disse ele. ?Isso é uma linha de investigação. O importante é não fazer disso uma moeda eleitoral. O importante é fazer disso o que é: um indício de prova, um indício que tem que ser articulado a todos os outros indícios, para se fazer uma convicção para se levada ao Poder Judiciário.? Ele repudiou acusações de líderes do PSDB, do PFL e do PPS que afirmam que as investigações estão propositalmente lentas para não atrapalhar a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição. Para ele, ?demora na apuração? é ?uma frase absolutamente destituída de sentido?.

O ministro também repudiou as afirmações de oposicionistas de que agiria como advogado de defesa do governo. ?São fantasias?, declarou. ?Porque ninguém aponta nenhum fato, nenhum ato, nenhuma atitude que eu tenha tomado que indique isso.? Thomaz Bastos afirmou que a lealdade que tem ao presidente Lula nunca impediu a sua lealdade às instituições e garantiu que ficará até o fim do seu mandato no cargo. ?Não se pode esperar demais da natureza humana e achar que chefes políticos da oposição queiram se comportar de uma maneira objetiva e republicana, numa eleição como esta, que está chegando à última semana.?

Investigação inclui novo nome ao caso

Cuiabá (AE) – O superintendente regional da Polícia Federal no Mato Grosso, Daniel Lorenz, disse ontem que as investigações sobre a tentativa de compra do dossiê Vedoin por petistas acrescentam um novo nome no episódio. Segundo o delegado, trata-se de ?pessoa conhecida? no cenário nacional, mas ele evitou especificar se seria um político ou empresário. Lorenz disse que a descoberta foi possibilitada pelo cruzamento das ligações telefônicas de um dos envolvidos no caso do dossiê que ligou para o telefone fixo do novo personagem e teve a ligação retornada. Cauteloso, o delegado esclareceu que ainda é preciso investigar se esses contatos foram casuais ou se estavam efetivamente ligados à tentativa de compra do dossiê.

Relatório recua ao acusar petistas

Brasília (AE) – O relatório do delegado Diógenes Curado da Polícia Federal, não vai trazer a informação de que o R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra do dossiê contra candidatos tucanos saiu do PT. O delegado deverá, no entanto, afirmar que o dinheiro era de responsabilidade de militantes do partido. A informação é do vice-presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que conversou ontem, por telefone, com o delegado. O relatório deverá ser entregue amanhã ao juiz Jefferson Scheneider, que cuida do inquérito sobre o dossiê em Mato Grosso. ?Ele me disse que possivelmente um mal-entendido levou a se dizer que o dinheiro era de origem do PT?, afirmou Jungmann.

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