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Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

PF achou barras de ouro com contrabandistas presos em Curitiba.

A Polícia Federal já prendeu ontem, até o fechamento desta edição, 97 pessoas em todo o país durante a Operação Bola de Fogo. Treze pessoas foram presas só na Grande São Paulo e 28 apenas no Rio Grande do Sul. A ação desmontou uma organização criminosa responsável pelo comércio clandestino de cigarros no Brasil. Entre os presos estão empresários, contrabandistas, ?laranjas?, advogados e servidores públicos. Entre os crimes cometidos estão contrabando, descaminho, sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, exploração de prestígio, falsidade ideológica, evasão de divisas, lavagem e ocultação de ativos ilícitos.

Foram emitidos 135 mandados de busca e apreensão e 116 de prisão em onze estados brasileiros – Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Rio Grande do Norte, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro. A operação teve a participação de 750 policiais federais, além de servidores da Receita Federal.

Em São Paulo, o sócio da empresa Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros Ltda, uma das organizações criminosas envolvidas no esquema, instalada na cidade de Cajamar, foi preso na Aclimação, zona sul da cidade. Com ele foram apreendidos cerca de R$ 130 mil. Um auditor da Receita Federal também foi preso, no bairro de Higienópolis, com cerca de US$ 500 mil. Os nomes ainda não foram divulgados.

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Além dos integrantes destas organizações, a operação Bola de Fogo prendeu policiais federais, servidores da Receita Federal e advogados suspeitos de envolvimento com a compra de sentenças judiciais. A operação é resultado de dois inquéritos policiais instaurados nos estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul.

As investigações apontaram a existência de um grande esquema de falsificação envolvendo fábricas de cigarros no Brasil e no Paraguai, além de grupos que realizavam a distribuição do produto em todo o território nacional. Durante os últimos dois anos, a PF apreendeu mais de 23.000 caixas de cigarros pertencentes ao grupo, avaliadas em aproximadamente 13 milhões de reais.

Quadrilha

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Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa envolvida no esquema era chefiada por Hyran Georges Delgado Garcete, responsável pela introdução em território nacional de grande quantidade de cigarros contrabandeados, além de armas e substâncias entorpecentes. Com a ajuda de parentes e funcionários que faziam o papel de ?laranjas?, ele abriu várias empresas no ramo da construção civil, de importação e exportação e transportadoras como forma de acobertar transações comerciais ilícitas. Boa parte do cigarro negociado por Garcete era de propriedade de outra organização criminosa, encabeçada pela empresa Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros Ltda. Ela comercializa no país as marcas US, U5, Dollar, Campeão, Vanguard e Dunas, e para exportação os cigarros das marcas como Mack e Red Fox.

Setor causa prejuízo de R$ 4 bilhões

Brasília (AE) – A Receita Federal calcula que chega a R$ 4 bilhões o rombo nos cofres públicos por sonegação fiscal no setor de cigarros no Brasil. Das 16 empresas fabricantes de cigarros que atuam no país, nove funcionam com base em liminares concedidas pela Justiça. O setor é um dos principais alvos da fiscalização da Receita este ano. ?São dívidas impagáveis?, disse o coordenador de Fiscalização da Receita Federal, Marcelo Fisch. Segundo ele, o registro dessas nove empresas foram cancelados, mas a Justiça tem autorizado o funcionamento delas por meio de liminares. ?A Receita tenta impedir a sonegação, mas a Justiça reabre as fábricas, que continuam sonegando?, criticou o coordenador da Receita.

Organização criminosa agia em Curitiba e Foz

Nájia Furlan

Em Curitiba, dos quatro mandados de prisão temporária emitidos apenas um foi cumprido na cidade. Os outros três, que supostamente estariam na capital, acabaram detidos em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Em Foz do Iguaçu, foram sete prisões preventivas decretadas e três efetivadas. Nas duas cidades paranaenses também foram apreendidos documentos, veículos e dinheiro, ligados ao comércio ilegal de cigarros.

Em Curitiba, os mandados de prisão foram para Nelson Kanomata Júnior, detido na cidade, e os familiares Nelson Kanomata, Daniele Kanomata e Maria Kanomata. Segundo o delegado responsável pelo desdobramento da operação na capital, Omar Gabriel, ?um dos alvos era um dos principais protagonistas dessa organização criminosa e a esposa e os filhos atuavam como laranjas nas empresas de fachada levantadas pelo grupo?.

Nas residências dos integrantes da quadrilha, a Polícia Federal apreendeu documentos, dois carros e duas barras de ouro. Em Foz do Iguaçu, o delegado responsável pela ação foi Alexander Dias, que além de cumprir três mandados de prisão, executou quatro mandados de busca e apreensão. Nas residências dos envolvidos foram retidos diversos documentos, três veículos e US$ 59 mil.