Polícia Federal apura suposta ação de Dantas na Anatel

Uma conversa entre dois advogados que trabalhavam para o Grupo Opportunity é um dos principais indícios usados pela Polícia Federal para sustentar a suspeita de que integrantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) teriam recebido propina do sócio-fundador do grupo, Daniel Dantas, para resolver processos administrativos em andamento no órgão. O diálogo ocorreu entre Danielle Silberglei Ninnio, diretora jurídica do Opportunity, e o advogado Philip Korologos, que defendia o grupo no processo que o Citibank movia contra o grupo em Nova York, pedindo US$ 300 milhões de indenização.

Na conversa, ocorrida em 27 de junho, Danielle conta a Korologos que o grupo havia “dado duro na FCC brasileira” para encerrar todos os processos administrativos. “Eles disseram que os retirariam, se nós pagássemos algum dinheiro.” FCC é a sigla americana para Federal Communications Commission (FCC), o órgão de telecomunicações que regula o setor nos Estados Unidos. Seu equivalente no Brasil é a Anatel.

A advogado prossegue afirmando que “para os processos criminais fica mais difícil”, em uma referência, segundo a PF, ao inquérito que resultou na Operação Satiagraha e levou à prisão de Dantas – solto depois, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Daniele conta ao advogado americano que no Brasil a Justiça funcionava de forma diferente. Aqui, segundo ela, em investigações penais e administrativas não pode haver um acordo entre as partes para que a acusação seja retirada, como nos EUA. “No Brasil é o Estado que conduz tais investigações, mesmo que as partes cheguem a um acordo. Por isso, todos odeiam quando há alguma ação.” A advogada diz ainda: “Há muitas pessoas dentro da polícia que vêem isso como uma oportunidade para ganhar dinheiro. Então, eles criam uma série de dificuldades para extorquir dinheiro”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna