A Polícia Civil do Rio realiza, nesta quinta-feira, 3, a reprodução simulada das circunstâncias da morte da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos.
Após ter sido baleada durante uma operação policial de repressão ao tráfico de drogas no Morro da Congonha, em Madureira, zona norte do Rio, a mulher foi colocada no porta-malas de uma viatura da Polícia Militar para ser levada ao hospital. No meio do caminho, contudo, a porta da caçamba abriu, Claudia rolou para fora do veículo e acabou sendo arrastada por cerca de 350 metros de asfalto, ao ficar presa no para-choque por um pedaço de roupa. Um cinegrafista amador filmou o momento em que a mulher era arrastada pela Estrada Intendente Magalhães. O caso ocorreu na manhã do dia 16 de março.
O delegado Carlos Henrique Machado, titular da 29ª Delegacia de Polícia (Madureira), intimou os oito policiais militares do 9º Batalhão (Rocha Miranda) que, em depoimento, afirmaram ter participado da operação na comunidade. Também foram chamados familiares da vítima e testemunhas. Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil, darão apoio à diligência.
Na última quinta-feira, o juiz Murilo Kieling, do 3º Tribunal do Júri do Rio, decretou a prisão temporária por 30 dias de dois dos oito PMs que participaram da operação no Morro da Congonha. São eles o tenente Rodrigo Medeiros Boaventura, comandante da guarnição envolvida na ação na favela; e o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno.
Já os três PMs que estavam na viatura, cujo porta-malas abriu deixando cair o corpo de Cláudia, estão em liberdade. Depois que o vídeo de Claudia sendo arrastada chegou ao conhecimento do comando do 9º Batalhão, os três PMs foram presos em flagrante. Eles foram enquadrados no crime de “deixar, no exercício de função, de observar lei, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração militar”, previsto no artigo 324 do Código Penal Militar. Dias depois, no entanto, seguindo parecer do Ministério Público Militar, a juíza Ana Paula Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, concedeu liberdade provisória aos policiais. São eles os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Archanjo, e o sargento Alex Sandro da Silva Alves.
Conforme o Estado noticiou em 19 de março, o subtenente Serrano consta como envolvido em 57 registros de autos de resistência (mortes de suspeitos em confronto com a polícia) desde 2000. Já o subtenente Archanjo aparece como envolvido em cinco ocorrências deste tipo.