A polícia de São Paulo fez uma operação ontem para prender líderes do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS), acusados de agir em parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC) para consolidar o tráfico de drogas na Cracolândia, no centro da cidade. Os líderes da organização de moradia foram presos com drogas, armas e munições que estavam escondidas no Cine Marrocos, ocupado pelos sem-teto.

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Por volta das 6 horas de ontem, 600 policiais do Departamento de Narcóticos (Denarc) ocuparam a Cracolândia. Eles se concentraram em dois pontos principais: um hotel na Rua Dino Bueno e no Cine Marrocos. A Justiça expediu 27 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão. A polícia prendeu 32 pessoas – 5 em flagrante por tráfico de drogas.

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Centro. A ação policial focou o Cine Marrocos, onde moram cerca de 300 famílias ligadas ao MSTS. No 12.º andar, estavam escondidas drogas e armas. No vão do elevador, policiais encontraram um fuzil AK-47 e três escopetas de uso restrito das Forças Armadas. Todos os apartamentos foram revirados. Os investigadores apreenderam na operação 15 quilos de crack, 25 quilos de maconha, vários radiocomunicadores, quase cem facões e dinheiro que seria da venda de drogas.

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Entre os presos está aquele que a polícia considera o chefe do MSTS: Robinson Nascimento dos Santos. Ele é suspeito de usar o Cine Marrocos para reuniões do PCC. Nos encontros seriam definidos a divisão do dinheiro do tráfico e o que seria feito com traficantes que estavam em dívida com a facção criminosa.

“Essa liderança do movimento já veio para a região com o intuito de estruturar o PCC. O MSTS foi criado para disfarçar a organização criminosa”, afirmou o diretor do Denarc, delegado Ruy Ferraz Fontes. Também foram presos outros líderes do movimento, como a vice-presidente, Lindalva Silva, e o secretário-geral, Wladimir Ribeiro Brito – este foi detido em Maceió, onde passava “férias”.

Ação. Policiais militares do Batalhão de Choque deram apoio à ação do Denarc. Os PMs e os policiais civis entraram em sete hotéis da Cracolândia e encontraram em dois deles laboratórios de refino de drogas. “Ficamos presos na empresa, ninguém podia sair”, disse Tiago Rodrigues, de 25 anos, que trabalha em uma seguradora na região. “Todo mundo acordou com o barulho da polícia. A confusão foi muito grande”, afirmou uma comerciante que não quis ser identificada. “Fiquei com medo de entrarem na lanchonete e levarem minhas coisas. Os policiais não me deixavam passar.”

De acordo com relatos, houve confronto de usuários com os policiais civis e militares na Cracolândia. Balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água foram usados para dispersar as pessoas. “Se a polícia entra desse jeito, complica. Aqui, querendo ou não é uma família”, disse Taine Cristina, de 32 anos, assistida no programa De Braços Abertos.

Os policiais tiraram os usuários das ruas e a Alameda Dino Bueno, onde o “fluxo” se concentra, ficou completamente vazia. Nesse momento, Taine estava em um dos hotéis da região. “Os policiais invadiram, dizendo que era uma ‘operação de rotina’. Disseram que iam averiguar todo mundo.”

A PM desmontou o cerco montado na Cracolândia por volta das 11 horas e o “fluxo” se restabeleceu poucos minutos depois. Os guardas-civis metropolitanos (GCMs) e agentes de saúde da Prefeitura que trabalham na região disseram que não sabiam da operação.

Com os usuários de drogas mais agitados, muita sujeita se acumulou pelas ruas e calçadas. A GCM disse que não iniciaria imediatamente a limpeza para não incomodar ainda mais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.