A Polícia Militar acusa traficantes dos morros do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio, de usar crianças e idosos para retirar em mochilas e sacolas as armas do conjunto de favelas ocupado pelo Batalhão de Operações Especiais, o Bope. Hoje pela manhã, a PM apreendeu uma menor de 15 anos uniformizada e com um fuzil dentro da mochila. Aos policiais, ela disse que levava a arma escondida na mochila a pedido de Marcus Vinícius Luiz, de 22 anos. Ele a acompanhava e também foi preso. O acusado possui passagem por furto de uma moto e tráfico de entorpecentes.
A adolescente disse que parou de estudar, era usuária de maconha e frequentava o baile no Morro da Chatuba, no Complexo da Alemão, na zona norte do Rio, para onde o fuzil seria levado. Ela afirmou que estava uniformizada para usar gratuitamente o ônibus.
A menina ficou nervosa e chorou ao ser abordada por policiais. Ao abrir a mochila dela, um soldado encontrou um fuzil 5.56 camuflado. Além de usar menores e idosos, policiais do Bope afirmam que traficantes tentam sair com as armas desmontadas da favela.
O principal destino do armamento e dos criminosos seriam as favelas do Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro, na Penha, dominadas pelo Comando Vermelho, que liderava o tráfico nas favelas ocupadas na zona sul. A previsão da PM é inaugurar a Unidade de Polícia Pacificadora no Cantagalo e Pavão-Pavãozinho ainda este mês.
Hoje não foi registrado nenhum ataque de traficantes no asfalto. Na terça-feira, um ônibus foi incendiado e no dia seguinte uma bomba artesanal foi jogada contra um coletivo.
À tarde, policiais do Bope encontraram em um esconderijo na mata que divide as comunidades seis granadas, duas submetralhadoras, uma pistola 9mm e carregadores de vários calibres. Duas centrais clandestinas de TV a cabo foram desativadas, uma delas funcionando na associações de moradores do local. Desde o início da operação, na segunda-feira, já foram 14 granadas e 10 armas apreendidas, entre submetralhadoras, pistolas e carabinas.