São Luís (AE) – A delegada Ana Karla Silvestre, que está a frente da investigação sobre o padre Félix Barbosa Carreiro, de 43 anos, disse ontem que deverá pedir o indiciamento do religioso por exploração sexual comercial de menores e que vai concluir o inquérito policial antes do prazo, que se encerra na sexta-feira. Segundo a delegada, o enquadramento adotado abrange todos os tipos de crimes sexuais cometidos por Carreiro. ?Ao todo ouvimos 24 vítimas e detectamos que ele cometeu vários crimes. Porém, o enquadramento de exploração sexual comercial é mais amplo e abarca todos os demais. Alguns dos jovens que depuseram, hoje já não são mais adolescentes, mas sofreram abusos antes de completar 18 anos e também deverão constar no inquérito como vítimas. O texto já está bem adiantado e vou concluí-lo antes do prazo?, garantiu Ana Karla.

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Depois de concluído, o inquérito será encaminhado à 2.ª Vara Criminal de São Luís, que é especializada em crimes contra a criança e adolescente, e então os documentos vão para o Ministério Público (MP), que terá cinco dias para formular uma denúncia contra Carreiro. O religioso foi preso na madrugada do último dia 5 em um motel de São Luís, na companhia de quatro jovens, dois deles adolescentes – um de 14 e outro de 17 anos – e atuado em flagrante na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). As investigações apontam que o padre esteve pelo menos 50 vezes no motel onde foi preso e que pagava aos adolescentes aliciados quantias entre R$ 20,00 e R$ 200,00. O pagamento era feito em espécie e ou na forma de presentes, como roupas e ingressos para shows.

Antes de ser preso, Carreiro já havia sido investigado pelo MP por causa de denúncias de abuso sexual contra adolescentes em uma outra paróquia de São Luís. Na ocasião, o caso foi arquivado por falta de provas e o padre, transferido para a paróquia onde estava lotado até ser flagrado pela polícia. O arcebispo emérito de São Luís e administrador arquidiocesano, dom Paulo Ponte, admitiu que sabia da conduta inapropriada de Carreiro. Segundo ele, na época da investigação do MP o religioso foi submetido a tratamento psicológico. Segunda-feira, um grupo formado por três delegados e oito agentes fizeram uma operação de busca e apreensão na casa paroquial onde Carreiro morava. Os policiais passaram cerca de uma hora no casarão, localizado no centro histórico de São Luís, nos fundos da Igreja de São Pantaleão, uma das mais antigas da capital. Os policias revistaram os dois cômodos – quarto e sala – que compõem os aposentos do religioso. Lá foram apreendidos uma revista de nu masculino, duas camisinhas, uma CPU de computador, uma máquina fotográfica, negativos, um filme ainda por revelar, fitas de vídeo, seis agendas e um farto material digital (cd?s e disquetes). Ontem, todo o material apreendido foi encaminhado para o Instituto de Criminalística (Icrim), em São Luís, onde será submetido a perícia.

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