A Polícia Civil de Brasília informou hoje ter provas suficientes para indiciar Adriana Villela como suposta mandante do assassinato do pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, da mãe, Maria, e da empregada Francisca Nascimento, mortos com 73 facadas dentro de casa, há um ano. Em entrevista à imprensa, a delegada Mabel Alves de Farias Corrêa, diretora da 2ª Divisão de Homicídios, disse hoje que não está descartada a hipótese de ela ter estado no local do crime e ajudado na execução.

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As investigações, segundo a delegada, mostram que Adriana era a maior interessada na morte dos pais, com os quais vivia em permanente conflito por aumento de mesada e partilha de bens. “As brigas eram constantes, sempre por questões financeiras”, afirmou. “Após um ano de investigação, não restou outra motivação para o crime que não a financeira”, acrescentou. A delegada informou que o caso caminha para um desfecho e outras prisões devem ser efetuadas em breve, inclusive a dos ou autores materiais.

Dono de uma das bancas de advogados mais requisitadas, Villela tinha uma fortuna de mais de R$ 20 milhões em imóveis, ações e investimentos. Ele foi defensor do ex-presidente Fernando Collor no processo de impeachment, em 1992. Na semana passada, Adriana foi presa junto com mais quatro pessoas, acusadas de obstrução das investigações para acobertar os verdadeiros autores. “Temos indícios veementes de que todos eles agiram de forma concertada, a mando dela”, enfatizou a delegada.

Suspeitos

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Um dos presos – já libertado – é o policial José Augusto Alves, acusado de plantar prova falsa – a chave da residência do casal Villela – na casa de terceiros para desviar a investigação. Os outros são Guiomar Barbosa, faxineira do casal, a vidente Rosa Maria Jaques e o marido dela, João Cocchetto. Instruída por um emissário de Adriana, filho de Guiomar, a vidente procurou a polícia em outubro de 2009, para dizer que tinha tido “revelações do além” que apontavam a autoria do crime para o ex-detento Cláudio Barros, em cuja casa foi plantada a chave.

O casal e a empregada foram mortos com extrema crueldade, segundo a polícia. As facadas foram aplicadas com raiva em regiões fatais, e os golpes prosseguiram mesmo quando os três já estavam mortos. Cartas apreendidas no escritório de Villela, depoimentos de amigos e familiares, entre outras provas, mostram que Adriana mantinha com os pais ma relação de permanente conflito, que se agravou nos últimos tempos.

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Embora Adriana não visitasse os pais há meses, a perícia encontrou digitais recentes dela no imóvel do casal logo depois do homicídio. Ela não conseguiu até agora provar o álibi de que estava na casa de uma amiga, na Vila Planalto, na hora do assassinato, entre 18 e 20 horas do dia 28 de agosto, uma sexta-feira. Procurado, o advogado de Adriana não foi localizado pela reportagem até o fechamento deste texto.