Cerca de 130 pessoas haviam sido detidas até as 23 horas de ontem, mas nenhuma ficou presa. As detenções começaram antes da manifestação. A concentração no Teatro Municipal, a partir das 17h, foi marcada por uma triagem montada pela Polícia Militar na Praça do Patriarca. Ainda ontem, a Justiça concedeu liberdade provisória à maioria dos manifestantes presos na terça-feira.

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Por volta das 22 horas, a lotação era tanta no 78.º DP (Jardins) que alguns detidos tiveram de ser transferidos para a 1.º DP e o 4.º DP. Os detidos chegavam em viaturas individuais ou em micro-ônibus, em grupos de até 25 pessoas. Eram revistados e ficavam cerca de uma hora no DP até serem liberados.

Maria Clara Guiral, de 19 anos, estudante de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP), contou que foi parada pela polícia “antes de chegar à manifestação”. Ela afirma que a levaram para perto da viatura, revistaram a bolsa dela e acharam vinagre. Por conta disso, foi detida e levada com outras dez pessoas. “O policial foi irônico e perguntou se eu queria fazer salada.”

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Todos que traziam máscaras e garrafas de vinagre (que, diluído com água e colocado em um pano pode ser usado no rosto para diminuir os efeitos do gás lacrimogêneo) foram detidos e levados para a delegacia. A caminho da passeata, o professor Caio Dezorzi, por exemplo, passava pelo local quando foi encostado na parede por policiais, que pegaram seus cartazes. Ficou 30 minutos detido e com dezenas de pessoas. “Só não fui levado para o DP porque estava sem vinagre e sem máscara.”

Liberados

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Ontem, dez dos 13 presos em flagrante na manifestação de terça-feira foram liberados, mediante pagamento de fiança de 2 salários mínimos (R$ 755 em São Paulo). O alvará de soltura pode ser emitido hoje, caso advogados dos presos provem o pagamento. Depois, o inquérito seguirá para o Ministério Público, que decidirá se vai denunciá-los.

Os dez – entre eles a única mulher do grupo, Stephanie Fenselau, de 25 anos, desempregada – foram presos por dano ao patrimônio, formação de quadrilha e incêndio. “O mais importante é que o juiz afirmou que não cabe acusação de formação de quadrilha”, afirmou o advogado Alexandre Martins, que defende o jornalista Pedro Nogueira.

Já o jornalista Raphael Sanz Casseb, de 26, foi preso por dano ao patrimônio e tinha direito à fiança. Mas, até as 20h de ontem, os R$ 20 mil estipulados não haviam sido pagos.

O Movimento Passe Livre (MPL) disse que já havia pagado a fiança de R$ 3 mil para Daniel Silva Pereira, de 20 anos, e Ederson Duda da Silva, de 26, presos por lesão corporal, desacato e dano ao patrimônio. Segundo o MPL, o alvará foi emitido quando os dois estavam no CDP Belém 2, mas eles foram transferidos para a Penitenciária de Tremembé 2, no interior. “Esse fato não invalida o efeito do alvará de soltura, mas atrasa o processo de liberação”, lamentou o MPL, em nota.

Também foram levados para Tremembé o estudante Julio Henrique Cardial Camargo, de 21 anos, e o metalúrgico Willian Borges Euzebio, de 20. Segundo a mãe de Camargo, Maria Cecília Cardial, a transferência foi arbitrária. “Não há provas de que fez parte de quadrilha. Se fez algo errado, vai pagar. Mas quero provas que apontem esses crimes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.C