São Paulo
– O candidato da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB), Ciro Gomes, ingressou com duas ações na Justiça contra o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, com pedido de reparação de danos morais. As ações formam impetradas no Fórum de Pinheiros, em São Paulo.Ciro pede indenização de 100 a 300 salários mínimos em cada uma delas por Serra ter chamado o ex-governador do Ceará de “genérico do Collor” no site do tucano na Internet, em 12 de julho de 2002, e pelo fato de Serra ter dito, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, em 7 de agosto de 2002, que Ciro é mentiroso. “O Ciro teve uma reflexão muito grande antes de entrar com essas ações porque não é da linhagem dele adotar tal procedimento.
Como o cidadão José Serra adotou sistematicamente a postura de caluniá-lo, Ciro decidiu recorrer à Justiça”, justifica o advogado do candidato da Frente Trabalhista, Helio Parente Filho. “É uma ação baseada na lei civil, estritamente pessoal, sem caráter político do cidadão Ciro contra o cidadão Serra”, adiciona.
Análise
Segundo o advogado, Ciro analisa neste momento se ingressará com uma ação similar contra o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), que também chamou Ciro de mentiroso. “Seria coerente se também acionasse o deputado José Dirceu, mas isso ainda não foi decidido”, ressalvou. No entanto, Parente Filho adianta que já está autorizado por Ciro a acionar Serra toda vez que o tucano caluniá-lo.
“O que for embate de campanha e fruto do debate político, evidentemente não merecerá uma ação judicial. Porém, toda vez que imputar calúnia ou difamação contra a pessoa de Ciro Gomes será feito pedido de reparação de dano”, garantiu. De acordo com Parente Filho, foram utilizados como prova documental a reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, além de outros em que Serra aparece chamando Ciro de mentiroso, e as páginas do site de Serra na Internet, em que o tucano compara Ciro Gomes ao ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Sobre a música disponibilizada no site de Serra que diz: “Você mente demais”, o advogado adiantou que nada poderá fazer porque Ciro não é citado nominalmente. “Não posso assumir a caluniação por dedução lógica”, admitiu.
Programa terá Patrícia Pillar
São Paulo
(AE) – Um clima “belicoso” permeia o programa eleitoral gratuito da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), do candidato Ciro Gomes, o mais explosivo entre os presidenciáveis. O coordenador de marketing da campanha, Einhar Jacome da Paz, garante que o programa que entrará no ar na terça-feira (20) vai ser limitado a apresentação de propostas de governo e que Ciro não atacará seus adversários, mas promete também usar, como define o marqueteiro, sua “bomba atômica”: a atriz Patrícia Pillar, mulher do candidato.“A Patrícia tem participação como militante e mulher do Ciro”, argumenta. “Sinto muito se temos uma militante que é uma bomba atômica”, completa, em entrevista à Agência Estado. Paz faz questão de reiterar, no entanto, que a atriz “sempre foi usada com o maior respeito”. “Nos programas que tivemos com duração de 20 minutos, a participação dela não passou de um minuto. E no comercial que tínhamos 45 segundos, ela foi usada durante 15 segundos, com três blocos de cinco segundos”, comenta. Se continuará assim ou se essa “bomba” será “turbinada”, com maior poder destrutivo? “Não tenho a menor idéia”, esquiva-se.
Conhecido por sua ênfase discursiva, Ciro procurará adotar um tom didático no seu programa para explicar suas propostas para o País.
Alca preocupa tucano
São Paulo
(AE) – O candidato a presidente José Serra (PSDB-PMDB) considera que o Brasil não está preparado para negociações internacionais sofisticadas em comércio. Serra falava sobre a Área de Livre Comércio das Américas ( Alca), durante uma sabatina promovida pelo jornal “Folha de S. Paulo” no Teatro Folha, Shopping Pátio Higienópolis, centro da capital paulista.“O Brasil não está preparado, não para Alca, mas para negociações de comércio sofisticadas”, disse. Para isso, o País precisaria até mesmo definir que setores seriam desprotegidos ou não. “Em princípio, não desprotegeria nenhum. Só vou desproteger se o ganho que puder obter for mais elevado”, explicou.
Para ele, a Alca vai demorar muito para sair, mas não por causa do Brasil. “A Alca seria um grande negócio para o País, se Estados Unidos removessem barreiras não-tarifárias. Se for só baixar tarifas, o Brasil perde”, apontou. Serra destacou que os EUA usam outros expedientes – salvaguardas, anti-dumping, cotas -que o Brasil não usa.
Serra afirmou que o Brasil se abriu, totalmente, para bancos estrangeiros. “Só tem grandes bancos nacionais porque são competitivos”, disse. “Não sou a favor de desnacionalizar sistema; já está de bom tamanho (número de bancos estrangeiros atuais). Na Argentina, desnacionalizou-se o sistema financeiro e os bancos não trouxeram mais dólar?”, comentou.
Ciro pretende ouvir FHC
Juiz de Fora
(AE) – O candidato da Frente Trabalhista a presidente, Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), afirmou ontem ao desembarcar no Aeroporto de Juiz de Fora (MG), que pretende “mais ouvir do que falar” no encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, segunda-feira (19), no Palácio do Planalto. Ciro classificou a reunião como uma “prova de amadurecimento político”.“Não é um acordo ou uma reaproximação”, afirmou. “É só um gesto que a democracia madura que o Brasil está construindo deve transformar em rotina. Um chefe de Estado convoca um candidato de oposição para trocar diretamente com ele opiniões sobre o momento, que é grave, da vida brasileira”, disse. Ele afirmou que, se for chamado a dar opinião sobre o acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), dirá o que pensa, mas assegurou: “Não vou levar nenhuma reserva nenhuma imposição, nenhuma condição, nenhuma restrição.” Ciro negou que apresentará propostas para o Fernando Henrique.
“Não posso levar sugestão nenhuma. O presidente da República convocou a mim e não me disse sequer qual era o assunto. Estou vendo pelos jornais, mas os jornais não são o caminho de comunicação entre dois estadistas”, completou. O candidato da Frente Trabalhista a presidente reclamou que a imprensa escrita tem publicado “frases descontextualizadas e versões completamente fantasiosas” das declarações dele e anunciou que, sobre temas como economia, mercado e incertezas da sucessão, só se manifestará diante das emissoras de TV ou por escrito.
Ciro considerou que o Brasil não tinha alternativa senão recorrer ao FMI. “A situação é delicada, desagradável, mas, dado o modelo econômico que produziu desequilíbrio externo e a absoluta iliquidez do setor cambial, não havia alternativa”, declarou.