A inflação mundial de alimentos pode empurrar 6,16 milhões de brasileiros para a pobreza, segundo estudo divulgado ontem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Pelos cálculos da instituição, o porcentual de brasileiros abaixo da linha de pobreza pode passar de 28,3% para 31,5% da população, se os preços dos alimentos continuarem altos. Em toda América Latina, mais de 26 milhões de pessoas podem atingir a pobreza extrema.

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Famílias mais pobres são mais afetadas porque gastam uma proporção maior da renda com comida e podem ser obrigadas a reduzir o consumo. O BID aconselha alguns países a aumentar gastos em programas de “proteção social”.

Segundo José Cuesta, economista do BID e um dos autores do estudo, ampliar programas de transferência condicional de recursos (como o Bolsa Família) é a melhor maneira de lidar com a crise. “Eles são os mais eficientes para mitigar os efeitos da crise”, diz. A longo prazo, reduzir custos de logística, eliminar barreiras de importação de alimentos e aumentar a produção doméstica são objetivos. “Mas é preciso evitar políticas que causam ainda mais distorção nos preços”, diz Cuesta, referindo-se a controle de preços, restrições de exportação e subsídios.

Segundo o BID, os países mais afetados pela crise são os da América Central e Caribe, importadores líquidos de alimentos. O Haiti teria de transferir o equivalente a 12% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para os pobres para que o nível de consumo de alimentos anterior à alta dos preços fosse mantido. O Peru teria de transferir 4,4%; Nicarágua, 3,7%. O Brasil, 1,28%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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