O juiz Marcio Alexandre Pacheco da Silva, do 4º Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, marcou para o dia 9 de setembro o início do julgamento dos quatro policiais militares acusados de envolvimento no assassinato do menino Juan Moraes Neves, então com 11 anos, em junho de 2011. O caso ocorreu no bairro Danon, em Nova Iguaçu.
Inicialmente o caso foi registrado como auto de resistência (morte de suspeito em confronto com a polícia), mas após investigações da Polícia Civil, concluiu-se que não houve tiroteio. A previsão do juiz é que o julgamento dure pelo menos quatro dias.
Serão levados a júri popular os sargentos Isaías Souza do Carmo e Ubirani Soares, e os cabos Edilberto Barros do Nascimento e Rubens da Silva. Todos estão presos preventivamente desde 2011. Na época do crime, os quatro eram lotados no 20º Batalhão da PM (Mesquita).
Os PMs faziam uma operação de repressão ao tráfico de drogas no bairro Danon, na noite de 20 de junho de 2011. Na ocasião, foram mortos o menino Juan, e Igor de Souza Afonso, de 17 anos (suspeito de ligação com o tráfico). Outros dois jovens, entre eles um irmão de Juan, foram baleados, mas sobreviveram.
O corpo de Juan só foi localizado dez dias depois da operação da PM, às margens do Rio Botas, em Belford Roxo, município vizinho a Nova Iguaçu.
Uma perita da Polícia Civil chegou a afirmar que o corpo encontrado no rio era de uma menina. No entanto, um teste de DNA que comparou material genético de familiares de Juan com uma amostra de sangue colhida no chinelo que a vítima usava no dia do desaparecimento comprovou que o corpo era mesmo do menino.
O inquérito da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) comprovou que Juan foi morto com tiros disparados por dois fuzis calibre 7.62 utilizados pelos PMs. O exame de balística foi feito com cápsulas dos fuzis encontradas no local do crime.
Os quatro PMs foram denunciados à Justiça por dois homicídios duplamente qualificados (mortes de Juan e de Igor de Souza Afonso), duas tentativas de homicídio duplamente qualificado (o irmão de Juan, Wesley Moraes, e a testemunha Wanderson dos Santos de Assis, de 19 anos) e ocultação de cadáver (de Juan).