Sarney se anima e quer mais poder no governo Lula. |
Brasília – O PMDB decidiu ampliar a cota na Esplanada dos Ministérios, antes mesmo de se sentar, oficialmente, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir que espaço lhe caberá no governo. Agora, o partido quer comandar três, e não apenas duas pastas, repetindo, assim, o quinhão que lhe coube na partilha de poder da administração do ex-presidente Fernando Hen-rique Cardoso. É com esta expectativa que os dirigentes peemedebistas aguardam a reforma ministerial, que, apostam, deve ocorrer em meados de outubro.
A cúpula nacional da legenda quer ver a sigla à frente de dois ministérios de maior porte, como Comunicações e Transportes, e no comando de uma terceira pasta menor, que poderá ser a das Cidades, da Assistência e Promoção Social, administradas por petistas, e até a da Ciência e Tecnologia, hoje com o PSB do ministro Roberto Amaral. Isto porque as pretensões do PMDB de ser contemplado na reforma com os Ministérios da Saúde e da Educação foram descartadas pelo Poder Executivo.
A idéia de ter um terceiro posto no primeiro escalão federal foi levada ao chefe da Casa Civil, José Dirceu, pelo presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), e o líder da agremiação no Senado, Renan Calheiros (AL). Segundo um importante interlocutor dos senadores e de Dirceu, Sarney e Calheiros argumentaram ao chefe da Casa Civil que uma pasta atende à Câmara, mas que há dificuldades para compor o Senado e os governadores com apenas um ministério.
O líder do PMDB no Senado deixou claro a Dirceu que, assim como o presidente do Congresso, não têm pretensão de ocupar uma cadeira na Esplanada. Sarney e Calheiros preferem indicar o ministro à assumir um ministério. Sarney, por razões óbvias, de quem esteve à frente do Palácio do Planalto e preside o Congresso, com perspectiva de reeleição. Mas, segundo o líder do PMDB no Senado, o partido só pretende apresentar os nomes dos ministeriáveis a partir do fim deste mês ou início de outubro. Ao contrário do Senado, onde surge um novo candidato a ministro a cada dia, na Câmara, o líder da legenda, Eunício Oliveira (CE), corre sozinho. O nome de Oliveira foi lembrado para o Ministério da Integração Social, mas a cúpula da sigla descartou esta alternativa por duas razões: foi informada de que o ministro Ciro Gomes não tem a intenção de deixar o posto e o Executivo teria descartado a hipótese de transferí-lo para o Ministério do Planejamento.