Brasília – Quem manda no PMDB, ninguém sdabe. Mas o partido está inchando e tem hoje a maior bancada da Câmara Federal, ultrapassando o PT. Com a queda-de-braço pela liderança do PMDB na Câmara, o partido passou desde ontem pela manhã, a ter a maior bancada, superando o PT. Com a filiação dos deputados Ronivon Santiago (AC), que deixou o PP, e Almir Moura (RJ), que era do PL, e mais a posse da suplente Thaís Barbosa (MT), o PMDB passa a ter uma bancada de 93 parlamentares.
O PT tem 91 parlamentares, com a filiação, anteontem, do deputado Miro Teixeira (RJ). Apesar de ser a maior bancada da Casa, o PMDB não terá espaço maior que o PT na distribuição dos cargos para as comissões técnicas. Para a indicação dos presidentes das comissões, a data-limite de filiação foi segunda-feira. A briga, contudo, é pela liderança do PMDB na Câmara. A ala oposicionista formalizou ontem a indicação do deputado Saraiva Felipe (MG), com o objetivo de destituir o líder José Borba (PR), por meio de uma lista de apoio de 47 deputados.
Mas ontem, a ala governista começou o contra-ataque em duas frentes: a filiação de deputados para aumentar, quantitativamente, o grupo e a pressão para que deputados que assinaram a lista de Felipe retirem os nomes, tornando inviável a maioria para que ele seja formalizado. A oficialização de Felipe ocorrerá somente com a publicação do ofício no "Diário do Congresso". Segundo os governistas, eles teriam conseguido a retirada de seis das 47 adesões.
Todo este rebuliço está deixando preocupado até o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Ele disse que quer ser informado de todas as filiações ao partido, a partir do momento em que forem encaminhadas à Secretaria-Geral da Câmara. Ontem, Temer encaminhou um ofício ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), pedindo que as filiações sejam oficializadas depois que a direção do PMDB confirmar se foram ou não respeitadas as regras do estatuto. Na comunicação, o presidente nacional do PMDB afirma que as filiações precisam seguir um ritual e que algumas são objeto de impugnações por não atenderem à lei orgânica da legenda.
PT nem sabe quem será o novo líder
Brasília – A bancada do PT tem até hoje para se reunir e escolher o nome do novo líder na Casa. Num quadro que previa a vitória do candidato oficial, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), o nome mais forte para suceder Arlindo Chinaglia (PT-SP) era o de Paulo Rocha (PA), mas agora a escolha se complicou e outras variáveis passaram a ser consideradas, como o fato de o partido não ter nenhum representante na Mesa Diretora. O novo líder, por exemplo, precisa ter interlocução com o novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e ser bom orador.
"O líder tem que ter três dimensões: ser capaz de se articular com outras forças políticas, ter condições de enfrentar embates no plenário e dialogar com a opinião pública para passar a opinião da bancada", resumiu o deputado José Eduardo Cardozo (SP). O deputado disse que o PT foi derrotado por uma série de erros, como a forma com que o partido e o governo se relacionavam com líderes e parlamentares de outros partidos. Segundo ele, no entanto, não é hora de encontrar culpados.
"Não é hora nem o momento de ficar culpando ministro A e B, líder A e B. Não foram erros individuais", afirmou. O deputado Paulo Delgado (MG) endossou as palavras de José Eduardo: "Nós estamos procurando os erros, não estamos procurando os culpados", disse Delgado.
Já o deputado Maurício Rands (PE) disse que a bancada absorveu com serenidade os erros e também destacou que uma confluência de fatores levou à derrota. Segundo ele, o PT precisa olhar a derrota com humildade, observar o que faltou ao partido e buscar formas de melhorar.