Brasília
– Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente das negociações para incluir o PMDB na base política no Congresso, o partido está, finalmente, com um pé no governo petista. Até o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que se mantinha firme na defesa de o partido ficar na oposição, mudou o discurso. Tratado com atenção e deferência especiais de Lula na reunião de governadores, do fim de semana, Jarbas disse que “sente” os governadores de seu partido “querendo se aproximar da base governista” e que ele não vai se rebelar contra a aproximação que agora se dá em torno de uma agenda de reformas, e não de cargos. “Estou muito velho para abrir dissidência.”O presidente de honra do PMDB, Paes de Andrade, conta que “em breve” será marcado um jantar da cúpula do partido com Lula para os acertos finais da parceria que tem o apoio de 80% das bases peemedebistas. Mas, além da investida presidencial sobre governadores e dirigentes do PMDB com a pauta das reformas, o PT despachou dirigentes nacionais para todos os 27 estados. A missão dos emissários petistas é negociar a partilha dos cargos federais com os partidos aliados, incluindo na agenda de conversas dirigentes locais do PMDB.
Por enquanto, apenas um posto está reservado ao PMDB no plano nacional: a diretoria geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transporte – o DNIT, que substituiu o antigo DNER. O escolhido para ocupar este cargo deverá ser o ex-senador Mauro Miranda, do PMDB de Goiás. Lulista de primeira hora, Miranda teve a adesão negociada pelo vice-presidente José Alencar. Ex-colega de Senado e de bancada do senador goiano, o vice-presidente é seu padrinho na indicação para o DNIT.
Enquanto não se conclui o acerto com a cúpula nacional do PMDB, o comando do DNIT ficará provisoriamente com Ilizeu Real Júnior, que ocupa uma função de “gestor”, inexistente na administração pública federal. Homem de confiança do ministro dos Transportes, Anderson Adauto, o “gestor” foi a solução improvisada pelo governo para ganhar tempo até a conclusão das negociações com o PMDB. Para concretizá-la, o ministro e Lula tiveram de assinar uma portaria que modifica o regimento interno do DNIT.
Reforma está descartada
Brasília
(AE) – O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não promoverá agora uma reforma ministerial para abrigar o PMDB que, por sua vez, poderá ocupar por enquanto cargos no segundo e terceiro escalões do governo. Além da presença no Executivo, o PMDB, segundo o líder, poderá ter funções de destaque no Congresso, caso integre a base de apoio parlamentar do governo como segundo maior partido depois do PT. “Não é bom para o PMDB nem para o governo uma mudança artificial agora no ministério para acomodar os peemedebistas”, disse Mercadante, para quem a participação do partido no primeiro escalão ocorrerá no momento adequado.